Robert Jenkins Onderdonk (American painter, 1852-1917) Mrs E B Chandler in Her Room c 1899Ainda não leu a Parte 1? Leia Aqui

Medo de perder o provedor

Este é um motivo muito digno, em princípio. Ter medo que seu esposo a abandone ou morra, não pode, no entanto, ser um sentimento que governe a sua vida. Quando Deus estabelece padrões, ele os estabelece para que os cumpramos, não para que fiquemos conjecturando se são ou não seguros para nós. Não podemos entrar no casamento já nos planejando para ser abandonadas. Não podemos pautar nossas vidas nas possíveis tragédias que possam nos sobrevir. Você sai de casa todos os dias se planejando para não voltar, temendo morrer no caminho? Deixa roupas preparadas e comida pronta para sua família sobreviver sem você durante a primeira semana, caso algo terrível te aconteça? Não? Mas isso pode REALMENTE acontecer! As chances de morrermos todos os dias, são muito maiores do que as chances de permanecermos vivas! E o que nos faz agir como se fôssemos terminar o dia de hoje? Pode parecer um exemplo exagerado, mas não é. Se não vivemos assim quanto ao dia da nossa morte, por que precisamos viver assim quanto ao dia de amanhã?

Como podemos resistir ao “mantra” repetitivo que ouvimos todos os dias: “você não pode depender de homem”, “você precisa dar seu jeito de se manter independente dele”, “o que acontecerá com você e com as crianças se ele for embora?”?? Como não ser contaminada pelas idéias feministas de autonomia e de cada um por si? Como não sermos assombradas pelo medo de nosso marido nos abandonar e nos deixar passar fome? Em primeiro lugar, devemos nos lembrar que desde que o mundo é mundo, estas covardias acontecem. Não é exclusividade da nossa era ter homens irresponsáveis e egoístas que abandonam suas famílias. Por outro lado, sabemos que o Senhor é quem nos sustenta, não o nosso trabalho ou o de nosso marido. Ele é quem provê o pão de cada dia! Foi Ele quem alimentou o povo no deserto durante 40 anos. Será que esquecemos esta verdade? Será que temos confiado em nosso próprio braço para suprir aquilo que é mais essencial à vida humana, que é o alimento cotidiano? Será que temos procedido como os pagãos, que não têm Deus e precisam se calçar de todas as artimanhas possíveis para manter seu sustento e sua vida? Se você tem se esquecido de quem realmente tem colocado o pão em sua mesa todos os dias, vale à pena lembrar do ensino das Escrituras a este respeito: “não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam.  Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?” Mateus 6.25-30. Que este ensino tranqüilize o nosso coração, e tire de nós a prepotência de achar que somos nós que provemos alguma coisa! Quanto ao dia de amanhã? “ Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.  Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.” Mateus 6.31-34. Nosso dever é obedecer ao chamado do Senhor no desempenho de nossos papéis, o suprimento e o cuidado diário vêm de suas bondosas mãos.

Desejo de manter o padrão de solteira

Este é outro dilema enfrentado pelos jovens que pensam em se casar. Eles desejam ter, no primeiro ano de casados, aquilo que seus pais só obtiveram depois de anos de muitas lutas e privações. Os casais de alguns anos atrás se casavam para construir a vida juntos. Eles não tinham carro, casa ou viagens maravilhosas de lua de mel. Os casais de hoje, influenciados pela forma de pensar deste mundo que serve e ama Mamom, têm um padrão muito elevado a perseguir. Sua casa tem que ser própria, com móveis planejados, porcelanato no piso, televisões gigantes na sala. O requinte e o luxo se espalham pela cozinha, com eletrodomésticos de última geração e também pela garagem com um carro zero estacionado. Não importa que a renda do marido não seja suficiente. Se a vida de solteiro tinha estes privilégios, a vida de casados precisa, a qualquer custo, seguir este padrão. A esposa precisa, então, gerar renda para manter estes luxos. A maternidade é adiada e a vida à dois se resume a escassos e furtivos momentos juntos. Eles precisam ganhar dinheiro. Eles não podem ter menos do que tinham anteriormente. Eles não podem começar de baixo.

Os pais têm falhado em ensinar estas lições a seus filhos. Os pais não querem que seus filhos passem pelo aperto que eles passaram no começo da vida e tentam protegê-los das lutas que virão. Mal sabem eles que, agindo desta forma, estão tirando dos filhos o privilégio e a honra de passar por situações difíceis juntos, de crescer juntos e de construírem uma vida juntos. Mamãe deveria ter me ensinado que quando eu me casasse eu não teria todas as mordomias que estou acostumada a ter no meu lar de origem, que levou décadas para obter este padrão. Mamãe não deveria tentar me poupar de situações que são necessárias à vida de qualquer jovem em começo de casamento.

Quando uma moça se dispõe a seguir um rapaz, tornando-se sua esposa, deveria estar ciente de que está se desligando por completo de sua família de origem e passando a ser uma só carne com ele e com o padrão de vida dele! Já pararam para pensar nisso, meninas? Quando você se casa, deve estar disposta a viver com o salário que seu marido ganha e deve se contentar com o tipo de vida que ele pode te dar. Se você acha que não será feliz se casando com um rapaz mais simples, que ganha pouco, que lhe dará uma vida sem luxo, você tem duas opções: não se casar com ele, ou mudar seu coração, que está posto no dinheiro e no conforto. Se você não está disposta a rever seus valores, é melhor que não se case com ele, do que se casar pensando que pode dar um jeito na situação sendo a provedora. “Eu tenho mais gosto pelo estudo do que ele, então não tem problema. Eu faço um concurso público, ganho bem, e ele não precisará se preocupar em prover os luxos que preciso. Eu cuido disso.” Já ouvi estas frases dezenas de vezes de moças que se casam com rapazes pobres e que não têm perspectivas de crescimento profissional ou intelectual. Ela cuida desta parte. E da parte dela, quem cuida?

Se não estamos dispostas a viver com o salário de nosso marido, precisamos rever o que a Bíblia fala sobre riqueza, sobre as reais necessidades que temos, assim como o Apóstolo Paulo nos ensinou: “ porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” Filipenses 4.11-13

Desejo de ter o que os amigos têm

Logo de cara este parece ser um aspecto pouco nobre, mas se formos analisá-lo à fundo, nós podemos  cair nesta armadilha sem nos darmos conta! Trabalhar fora para completar a renda do marido, pode ser um discurso disfarçado de vários pecados. Por acaso você já se pegou entristecida por sua amiga ter trocado de carro? Já se pegou pensativa, com a cabeça longe, enquanto outra amiga conta como conseguiu quitar a casa própria? Quantas vezes você  se doeu por seus filhos não terem tido o privilégio de viajar pelo mundo como os filhos de sua vizinha? Seu grupo de amigos da igreja passam férias juntos em um hotel que você não pode pagar? Pagam curso de inglês para as crianças, natação, judô, balet e uma escola de alto nível? Por acaso o quarto da filha de sua irmã é um quarto dos sonhos, enquanto sua menina divide o quarto com mais dois irmãos, com móveis de segunda mão? Como seu coração pecaminoso lida com estas diferenças? Você se alegra por eles e se contenta com a situação que DEUS colocou sua família? Ou será que você quer endireitar as coisas, dando uma forcinha no orçamento doméstico? Qual a motivação do seu coração? Do que sua família realmente necessita?

 A palavra necessidade parece ser muito relativa nos dias de hoje! Precisamos tomar cuidado com isso, afinal, neste discurso, podemos inverter valores. Deus sabe do que realmente necessitamos. E cá pra nós, uma viagem à Disney está longe de ser uma necessidade. Uma festa deslumbrante de 15 anos não pode ser considerada como algo de valor supremo, sem a qual sua filha não poderá viver, a menos que você já tenha trocado o Deus a quem você serve! Sobre isso, a Palavra de Deus tem muito a nos dizer e ensinar. Se você tem se encantado demais com as riquezas deste mundo e seu coração não consegue estar contente com sua situação, preste bastante atenção às preciosas palavras que o Senhor deixou registrada para nós: “… grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” I Timóteo 6.6-8 . Este texto mostra que uma vida piedosa promove um lucro excepcional, muito maior que qualquer bem que o dinheiro possa comprar.

Será que temos nos contentado e temos sido gratas ao Senhor por termos o básico? Será que temos sido gananciosas e cobiçosas a ponto de não reconhecermos que o Senhor tem nos suprido, como Ele prometeu, não de luxo, mas do que temos necessidade? Será que não temos desejado coisas que Ele não nos prometeu e que talvez não sejam reservadas para nós nesta vida? Será que temos nos contentado em cumprir nosso chamado, mesmo às custas de algum conforto à mais, ou temos simplesmente menosprezado a vocação de ajudadora e mãe para sermos provedoras de luxos? Será que seu trabalho excessivo tem suprido o arroz com feijão em uma situação limite, ou tem suprido futilidades? Talvez você não esteja cumprindo seu papel plenamente apenas para dar a seus filhos roupas de marca,  brinquedos caros, viagens exóticas, restaurantes da moda e escolas tops. Analise com critério sua situação. Analise o que realmente são necessidades lícitas e o que é imposição de um mundo que ama o conforto e o luxo. Quem disse que seus filhos precisam ter tudo que seus coleguinhas têm? Quem disse a você que eles serão menos realizados e felizes se não tirarem férias em hotéis deliciosos a cada fim de ano? O que te leva a pensar que os prazeres lícitos que este mundo pode dar, são mais valiosos que sua presença constante e afável, que seu colo macio e seu perfume de mãe? Porque você acharia que um curso de inglês é mais importante do que o ensino diário e cuidadoso das Escrituras em cada pequena situação diária? Se você pensa assim, cuidado!

Quando nosso coração está posto nas coisas terrenas, mais do que nas celestiais, nas que são ordenados por Deus, corremos perigo! Jesus nos explicou de forma magistral o que acontece com os tesouros que cultivamos neste mundo: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam;  mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;  porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Mateus 6.19-21. Onde está, querida irmã, o seu tesouro? O que tem sido o alvo de sua vida? Em que seu coração está posto? Pelo que você tem se desgastado? O que tem te deixado exausta, coisas eternas como o investimento na alma de seus filhos, ou coisas que os ladrões poderão levar? Portanto, da próxima vez que você disser que não pode se dedicar aos filhos e a seu marido porque precisa completar a renda da família, pense bem se esta resposta está calcada em necessidades ou em futilidades, que passarão tão rápido quanto as férias de verão que custaram uma fortuna. Aprenda a viver com menos. Não sinta inveja de famílias que têm mais que você. Dê valor ao que é eterno. Não se encante tanto com as coisas que o dinheiro pode comprar. Lembre que o Filho do Homem não tinha sequer onde reclinar a cabeça. Lembre-se que a Casa com a qual você precisa se preocupar não está à venda, não depende do seu trabalho, mas lhe foi garantida à preço de sangue! Cuide para que seu coração não seja pervertido por coisas vãs.

Não pense que escrevo tudo isso porque minha situação é confortável. Não, não é! Tive que aprender à duras penas a me contentar com o que minha realidade podia me dar. Vinda de uma família que nunca teve problemas financeiros,  no terceiro ano de casada, meu marido deixou de ser um bem remunerado sargento do Exército para se dedicar ao ministério. Logo tive que aprender na prática o que Paulo ensinou a Timóteo: “Tendo sustendo e com que nos vestir, estejamos contentes.” I Timóteo 6.8.  Meu marido é pastor de uma igreja pequena e dá aulas de língua Portuguesa algumas vezes na semana para complementar a renda. Temos quatro filhos, não temos casa própria, o carro que dirigimos não é nosso e tudo que precisamos comprar tem que ser planejado com antecedência, tudo na ponta do lápis. Nossos filhos vestiam as roupas que ganhavam, estudavam nas escolas que podíamos pagar, não fizeram cursos se línguas. Nunca vamos em família a um restaurante (a menos que outro irmão pague a conta) mas nos dividimos, para que a cada mês, um possa ter este privilégio. Sei bem o preço que uma mãe paga quando opta por deixar sua carreira para se dedicar à função designada por Deus a ela. Sei qual é o preço de não poder dar todo o conforto que gostaria de dar aos filhos, de vê-los chorando por não poder ter o brinquedo ou um tênis que todos têm. E sabe qual é o preço? Ensinar a seus filhos contentamento. Ensinar o que tem verdadeiramente valor aos olhos de Deus. Ensinar que os tesouros mais preciosos de todos, não estão à venda. Ver meu dever cumprido sem distrações, e assistir o progresso na fé de meus filhos, vê-los servindo ao Senhor com todo o coração só me faz afirmar com maior vigor: eu escolhi a melhor parte, e esta não me será tirada!

Gostaria de terminar deixando para você a exortação que Paulo faz aos que têm seu coração nas riquezas. Não aos ricos, somente, mas também àqueles que têm seu coração nas riquezas, mesmo sendo pobres: “ Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores… Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” I Timóteo 6.9-10 e 17-19

_______________________

simone* Simone Quaresma é casada há 24 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro.

Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (22 anos), Israel (20 anos), Davi (18 anos) e Júlia (16 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; trabalha com aconselhamento e estudos bíblicos com as mulheres da Congregação.