Magical-Moment_webTalvez, depois de ler os dois artigos publicados aqui (e aqui) sobre namoro, você esteja se perguntando como é possível manter estes padrões. Talvez, todos os adolescentes da sua igreja namorem como o mundo namora desde os 13 anos de idade. Talvez, você fique apavorada pensando que seus filhos estão crescendo e que, daqui a pouquinho, você terá que começar a lidar com questões como namoro, contato físico, sexualidade. Talvez, você não tenha um pastor que te oriente. Talvez, seu pastor ache você exagerada por se fazer estas perguntas. Quem sabe você, apesar de concordar com todos os claríssimos argumentos da Ligian, morra de medo ao pensar que o seu dia de enfrentar estas questões com seus filhos está vindo à galope, mais rápido do que você gostaria. Se você se encaixa em algum destes casos, é para você que este post é escrito.

Sei bem como é grande a angústia, o medo, o quase pavor de ter que lidar com estes assuntos. O motivo? Ninguém a nossa volta pensa assim. Nenhum dos amigos dos nossos filhos tem esta orientação em casa. Somos retaliados até mesmo dentro da Igreja, quando deixamos escapar que nossos filhos não têm autorização para namorar. Nossa família nos pressiona, julgando ser prejudicial aos nossos filhos serem diferentes dos outros. Somos taxados de radicais, hipócritas, puritanos – quem dera fôssemos! – e pessoas completamente fora da realidade. Você também se sente assim? Bem-vinda ao grupo!

Aliado à pressão externa, sentimos também muito medo da reação de nossos filhos às orientações dadas em casa, tão distintas de tudo que os rodeia. Tememos que eles não resistam às tentações que virão sobre eles, que se envergonhem de levar uma bandeira tão solitária. Nos apavoramos quando pensamos que não daremos conta de manter nossos filhos longe da sujeira do mundo, num padrão alto.

A resposta para esta e todas as outras questões que envolvem a educação dos nossos filhos passa pela constância no ensino, conversas claras e longas, acompanhamento dos pais, coragem de encarar as questões desde muito cedo. Você não pode querer acordar um belo dia, quinze anos depois do nascimento de sua filha, e chamá-la para uma conversa que mudará sua vida! Não! Estas conversas e orientações têm de vir da vida toda. As orientações vão apenas ficando mais específicas e profundas com o passar dos anos, mas estes assuntos devem fazer parte das conversas de vocês desde que seus filhos começam a falar! Não caia na armadilha de achar que é melhor fingir que não está vendo que seu filho está crescendo, de ficar apenas torcendo para que seus amigos não falem muitas besteiras para ele. Não pense que porque você não fala nestes assuntos com seu filho, ninguém mais o faz; absolutamente. Seus filhos têm “amigos” que, infelizmente destilam suas imorais ideologias nos ouvidos deles desde a mais fresca idade. Com o advento da internet nos celulares das crianças, todos os amigos de seus filhos têm acesso liberado a todo tipo de perversão, imoralidade, vídeos, imagens e clipes que você nem sonha que existam! Então, não adianta fingir que o problema não existe, e não adianta achar que seu ‘bebê’ está imune a tudo isso.

A melhor forma de proteger nossos filhos é falando das verdades de Deus desde cedo. Nosso ensino dentro de casa precisa ser consistente. Precisamos ensinar toda a Lei de Deus a nossos filhos, e isso inclui falar sobre pureza, casamento, divórcio, lascívia, namoro. Em nossa casa, sempre estabelecemos padrões muito definidos desde cedo. Aos 4 anos, nossos filhos já sabiam, e repetiam, que só poderiam namorar quando tivessem um emprego e pudessem se casar logo. É claro que, com o passar do tempo, esta “informação”, este “aviso”, tomava forma de instrução. Todas as chances viravam grandes oportunidades para falarmos sobre o assunto. Quando eles chegavam em casa, dizendo que um coleguinha da escola dizia ter uma namorada, quando algum deles recebia bilhetinhos de admiradoras secretas ou coisa do gênero, aí estava mais uma oportunidade de falar longamente com os pequenos sobre o que a Bíblia dizia a este respeito. Era uma excelente oportunidade de reiterar que com eles era diferente, que eles não pertenciam a esse mundo, que “todo mundo” fazia isso, mas que eles não eram “todo mundo”, que eram peregrinos em terra estranha. Aos 4 anos? Sim, aos 3, aos 2… Quanto antes seus filhos entenderem que o padrão das Escrituras é a santidade, separação, e que TUDO na vida deles será diferente de todo mundo a vida toda, melhor para ele!

É claro que esta verdade precisa estar em seu coração! Você só pode ensinar a seus filhos algo que você crê e está disposto a seguir, sejam quais forem as oposições enfrentadas. Me lembro de inúmeras vezes sermos duramente confrontados por pessoas de dentro das igrejas por onde passamos. O que nos fez permanecer fiéis foi entender que esta era a vontade de Deus para nós e pra nossos filhos. Se fosse apenas vontade de seguir uma nova tendência, certamente teríamos cedido à pressão.

Sei o quanto o assunto provoca verdadeira ira em certos meios e conheço bem as argumentações destes grupos, pois tive que refutá-las várias vezes. Por isso, quero ajudá-las escrevendo aqui vários questionamentos que ouvíamos e como respondíamos a eles.

“Como você tem certeza que seus filhos não namoram escondido na escola?”

“Eu não tenho”, essa era a resposta! A questão aqui não é se uma ordem será obedecida por nossos filhos ou não. A questão é o que você permite, e permitindo se torna cúmplice. Se nós achamos que o namoro nos padrões do mundo é pecado, faz algum sentido eu não dizer isso aos meus filhos por medo de que eles façam escondido? Teria eu direito, diante de Deus, de dizer ao meu filho que ele pode cometer este ou aquele pecado por puro medo de que, após estabelecida a regra, ele a quebre? Teria algum sentido eu dizer ao meu esposo que ele poderia ter um relacionamento extraconjugal, já que não posso seguí-lo o tempo todo e ver o que está fazendo? Se a máxima “é melhor não proibir para eles não fazerem escondido” é uma boa ideia, podemos expandir este conceito para nossos casamentos também? Claro que não! Em momento algum Deus deixou de dar suas leis expressamente ao povo por temer que eles a descumprissem. Nunca vimos nada parecido, nem no Novo e nem no Antigo Testamento. Pelo contrário, Deus dizia sempre o que ele proibia, o que exigia do povo, as bênçãos e as maldições que decorreriam das atitudes tomadas. Deus nunca teve medo de governar sobre seu povo. Deveríamos nós, como representantes legítimos dEle na vida de nossos filhos, nos omitir por medo? Temo que muitos crentes tenham chegado ao ponto de dizer, como ouvi de um Presbítero(?) certa vez: “Minha gente, não se enganem: os jovens da igreja têm relações sexuais. É melhor, então, falarmos sobre métodos anticoncepcionais com eles.” É neste ponto que queremos chegar com nossos filhos? Pois, quando permitimos que eles namorem, mesmo contra a nossa vontade, por medo de fazerem escondido, o próximo passo, para a desgraça deles e nossa, é este!

 “Mas você namorou na adolescência, como pode, então, proibir seus filhos?”

Este é outro argumento que ouvi muito enquanto meus filhos eram adolescentes. Mas não existe argumento mais furado do que esse! Justamente porque eu namorei na minha adolescência, sei que a experiência não é a que desejo para os meus filhos. Os meus pecados não são e nunca serão uma desculpa para meus filhos pecarem. Imagine se Davi pensasse assim depois de toda a desgraça do pecado que cometeu contra Urias. Se Davi pensasse: “não posso repreender o pecado do povo. Afinal, pequei também”; o livro de Salmos jamais teria sido escrito.

Você mentiu na sua infância? Foi rebelde e desobediente a seus pais? Em dados momentos de sua vida, esteve tão longe de Deus que repudia até as lembranças daquele período? Pois a situação é exatamente a mesma! Se sabemos que qualquer caminho é mau, se antevemos que trará prejuízo a nossos filhos, cabe a nós alertamos e fazermos o que estiver ao nosso alcance para impedi-los de trilhar este caminho!

“Eu acho que falar sobre estes assuntos desperta ainda mais a curiosidade de meus filhos.”

Esta é outra falácia que nós ouvíamos com frequência. Um assunto não deixa de existir só porque evitamos falar sobre ele, e, num caso como este, que requer instrução, o silêncio é extremamente prejudicial. Desde cedo, você deve instruir sua criança sobre o que você e seu marido esperam dela e porque. Deve deixar claro qual o padrão bíblico que você e seu esposo, como representantes legais de Deus na vida deles, seguem, não permitindo que eles tomem as atitudes que achem corretas. Deixe claro que vocês se empenharão para ajudá-los a caminhar em santidade para o casamento.

Não deixe de falar com eles sobre sexualidade desde sempre. Claro que as conversas precisam ser de acordo com a idade, e as respostas não devem ir além da dúvida da criança. Você não precisa falar demais e também não pode mentir (alguma duvida sobre isso???). A preocupação que deve estar sempre em sua mente é passar para seus filhos uma ideia correta sobre sexualidade. Você deve sempre deixar claro que o sexo, o contato físico, é algo lindo, criado por Deus para ser desfrutado e apreciado DENTRO do casamento. Você não pode, de forma alguma, deixar que fique na mente de seus filhos a ideia distorcida de que o sexo e o contato físico são sujos. Por isso, não tenha medo de trocar de canal quando a propaganda ou o filme estiverem com cenas impróprias ou com mulheres vestidas indecentemente. Diga a eles que cenas de nudez ou intimidade física devem ser vividas pelo casal casado, entre quatro paredes. Que permitir que outros vejam, ou ver cenas de intimidade física de outros casais é perversão! Desta forma, você estará preservando seus filhos e treinando-os a fugir da impureza. Instruindo-os, você estará cumprindo o chamado de Deus.

 “Você não acha que seus filhos sofrerão discriminação?”

Sim, nossos filhos sofreram muito preconceito. Em certos momentos, eram considerados homossexuais pelos colegas da escola, por não apresentarem uma namorada ao grupo. Eram taxados de esquisitos por se retirar dos lugares quando as revistas pornográficas chegavam, ou as piadas começavam a descer de nível. E quando falavam que não teriam experiência sexual antes do casamento? Completamente loucos! Mas espere aí! Isso também não acontece com você? Quantas vezes você foi chamada de “santinha”? Nossos filhos foram duramente atacados por muitos anos, e estas eram sempre oportunidades riquíssimas de dizermos a eles o quanto éramos e seríamos sempre diferentes das pessoas a nossa volta. Eles cresceram não desejando reconhecimento de ímpios, mas querendo agradar a Deus e a seus pais!

 “Mas e se seu filho desobedecer?”

Todo pecado cometido e toda desobediência devem ser corrigidos. Se porventura seu filho pecar nesta área, arrumando uma namorada escondido de você ou dando umas beijocas por aí, você deve fazer o que qualquer desobediência requer: correção, convite ao arrependimento, restauração. Esta área é como qualquer outra área na vida de nossos filhos. Não entendo porque as pessoas têm tanta dificuldade em estabelecer as regras neste particular, como o fazem em outras questões. Você deixaria seu filho menor de idade e sem habilitação pegar as chaves do seu carro e sair por aí? Você pensa em permitir que ele faça isso apenas por temer que ele faça escondido? Pois com a questão do namoro a situação é a mesma!

Para terminar este artigo, gostaria de recomendar a leitura de um livro maravilhosos sobre este tema. Seu autor advoga que os pais devem, sim, se engajar com seus filhos na orientação da busca de um cônjuge que preencha os padrões divinos. Ele se chama: “O que ele deve ser se quiser casar com minha filha”. O autor relata lindamente o papel dos pais, e não do acaso ou da paixão, neste processo tão importante na vida de nossos filhos, que é escolher um cônjuge. Precisamos resgatar esta área na vida de nossos filhos, que várias gerações antes de nós resolveram abrir mão!

Em nossa casa, tivemos a graça de ensinar estas verdades desde cedo a nossos quatro filhos. Colhemos frutos maravilhosos! Alguns deles deram uma escorregada aqui, foram corrigidos ali, se arrependeram e prosseguiram em obediência. Eu e meu esposo podemos ter a consciência tranquila de que em momento nenhum autorizamos algo que Deus repudia. Isso foi proteção para eles. Hoje, nosso filho mais velho, aos 21 anos, já empregado, entrou em um relacionamento com uma linda jovem de nossa igreja, que ama e teme ao Senhor. Estão de casamento marcado. O segundo mais velho faz a côrte a uma doce moça que também é um exemplo de como amar ao Senhor na flor da idade! Nossos dois mais novos ainda estão “de molho”! Sempre oramos juntos, despertamos seus olhares para jovens que poderiam ser companheiros de caminhada para eles rumo à Cidade Celestial. Oro para que nosso Deus levante pais que retomem sua posição de orientar e proteger seus filhos nesta área, que é tão crucial na vida deles. Do casamento de seus filhos, virá a próxima geração. O crescimento do Reino de Deus está ligado à saúde de seus casamentos e de como criarão a divina semente! 

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* Simone Quaresma é casada há 23 anos com o Rev. Orebe Quaresma, pastor da Igreja Presbiteriana de Icaraí e da Congregação Presbiteriana de Ponta da Areia em Niterói, Rio de Janeiro. Professora de educação infantil, deixou a profissão para ser mãe em tempo integral de 4 preciosidades: Lucas (21 anos), Israel (19 anos), Davi (17 anos) e Júlia (15 anos). Ela mantém o blog Se Eu Gostasse de Ler…  de leituras diárias para os jovens da Congregação pastoreada por meu marido; é professora da classe de jovens e trabalha com a SAF da Igreja onde ele é pastor auxiliar.