Lembrem-se do Evangelho

Como muitos de vocês, estou aqui escondido na minha casa, sem ir lá fora, me mantendo distante das pessoas. Isso é particularmente importante para mim porque tenho um sistema imune comprometido e estou na categoria de alto risco dessa pandemia que se espalhou pelo mundo. Aqui estão cinco maneiras pelas quais fui encorajado a refletir sobre como essa pandemia nos aponta para o evangelho.

Fonte da Imagem : Pinterest

1 – É bom ser confrontado com a desilusão de nossa independência humana e autossuficiência

Foi preciso apenas um único vírus para nos fazer fechar tudo. Eu moro em Center City, na Filadélfia, nos EUA. A cidade se tornou fantasma: igrejas fecharam, negócios fecharam, restaurantes fecharam, famílias estão separadas umas das outras e amigos não podem mais se reunir. É algo assombroso e lembra-nos de que somos criados para sermos dependentes — dependentes do Criador.

Não existe essa coisa de independência ou autossuficiência humana. Na verdade, isso me lembra de que o progresso, o agir da graça em nossos corações e vidas, não parte da dependência para a independência, mas da independência para uma dependência ainda maior em Deus. Quanto mais você cresce na graça, mais você entende a sabedoria da Palavra; mais você entende seu próprio coração; mais você entende a tolice desse mundo; mais você caminha com uma dependência alegre e submissa em Deus.

2 – O poder e a glória soberana de Deus brilham mais forte quando estamos fracos e quando a vida parece fora de controle.

Não é incrível que mesmo que todas as coisas pareçam para nós fora de controle — e de muitas formas, humanamente falando, estão fora de controle — há alguém que senta no trono do universo? Ele é a definição de tudo que é sábio, bom, verdadeiro, santo, justo e onipotente, e ele tem o mundo sob seu controle cuidadoso. Nós nem sempre compreendemos o que isso significa, mas há alguém que governa o mundo, que não está com medo nesse momento, que não é fraco, que não está confuso, para quem não há mistérios e que nunca vivencia surpresas. Nós nem sempre sabemos por que ele faz o que faz, mas sabemos quem ele é e sabemos o que ele prometeu para seus filhos.

3 – A grande pandemia global não é o Covid-19. É o pecado.

Conforme essa pandemia se espalhou de país para país até que o mundo inteiro foi afetado e fechado como forma de diminuir seu poder e seu contágio, fomos lembrados de que há uma pandemia ainda maior, mais sombria e mais perigosa. Todos a pegam — já no nascimento. É a contaminação mais profunda e sombria. É a doença mais grave e significativa. Ela é chamada de pecado. É mais perigosa e mais destrutiva do que o Covid-19 jamais será.

Mas isto é o mais incrível: há uma cura. Deus olhou para este mundo com um amor e misericórdia maravilhosos e decidiu que não nos deixaria morrer dessa doença. Ele enviou seu Filho para viver o que não poderíamos, para morrer uma morte aceitável e para viver novamente — derrotando, assim, o pecado e a morte a fim de que houvesse uma cura para essa doença tão grave. A cura é encontrada na pessoa e obra do Senhor Jesus por meio de sua maravilhosa graça. Celebre a graça. Celebre o fato de que uma doença mais perigosa e mais fatal que essa pandemia jamais será, foi curada pelo poder da graça de Jesus. Que coisa boa!

4 – Embora estejamos separados uns dos outros, nada pode nos separar do amor de Deus.

Todos nós estamos praticando distanciamento social agora e, infelizmente, fomos separados uns dos outros nos domingos também. Conforme eu sentava com Luella em nossa pequena sala de televisão e assistia a pregação online, só podia pensar que não era a mesma coisa — não é a mesma coisa que nos encontrarmos com nossos irmãos e irmãs, abraçá-los calorosamente, apertar-lhes as mãos, cantarmos juntos, ouvirmos as vozes dos outros, ouvirmos as pessoas cantando juntas, lembrando-nos uns aos outros da graça do Evangelho. Não é a mesma coisa. E todos estamos sentido muito por nossa separação.

É maravilhoso lembrar que nenhuma pandemia — nada em toda a criação — é capaz de nos separar de Deus e de seu amor infinito. Na verdade, nesses momentos Deus não se separa de nós. Ele não nos dá as costas, mas, pelo contrário, ele se aproxima. Ele se aproxima do fraco. Ele se aproxima do quebrantado de coração. Ele se aproxima em amor e graça, nos dando força para lidar com aquilo que não lidaríamos sem ele. Seu maior amigo, seu maior amor, sua companhia mais doce não está nada distante de você. Que coisa mais bonita é essa.

5 – Não estamos sozinhos.

As Escrituras nos lembram de que nesses momentos não precisamos carregar esses fardos sozinhos. Quando estamos fatigados e preocupados, temos um lugar para ir. Jesus nos convida a nos achegarmos a ele quando estivermos fatigados e a lançar nossos fardos sobre ele. Nesses momentos, é tentador duvidar da bondade de Deus, duvidar de sua sabedoria, duvidar de seu poder, duvidar de sua habilidade de controlar as coisas. E veja, o que é fatal nisso é que quando você duvida da bondade de Deus, você para de correr para ele lhe ajudar, porque você não costuma correr para alguém em quem não confia mais.

Lute contra as mentiras do inimigo que sussurram no seu ouvido: “Onde está seu Deus agora? O que ele está fazendo agora? Por que ele não está aqui? Por que ele não responde?”. A Bíblia diz: “Deus está perto. Ele se importa. Ele ouve. Ele responde. Não corra para longe dele. Corra para ele”. Claro que iremos nos perguntar “Por quê?” e talvez essas questões não sejam completamente respondidas aqui e agora; mas, novamente, nós sabemos quem Deus é, sabemos o que ele nos prometeu e sabemos que esse momento nos aponta para o quanto precisamos de alguém que é maior que nós, que tem mais poder que nós, que tem um controle bem maior, que direciona as coisas que não conseguimos, que nunca está fraco, que nunca está cansado e que nunca está fatigado. Corra para ele com seus fardos.

Gratidão É uma Defesa

Uma das defesas mais poderosas contra o medo é a gratidão. Quanto mais seu coração está direcionado para a gratidão, mais você conta suas bênçãos; quanto menos, sua mente nesses momentos recorre ao medo e a ensaiar os “e se”. Que tal olhar intencionalmente ao seu redor, vendo todas as coisas pelas quais você pode, hoje, agradecer — todas as evidências da provisão de Deus, todas as evidências de seu cuidado, todas as pessoas que amam você, todas as coisas para as quais você não dá valor — que tal contar suas bênçãos? Que tal deixar a adoração sobrepujar a reclamação e a gratidão silenciar a murmuração? A promessa final do evangelho é esta: que neste mundo nós encontraremos problemas — e problemas de todos os tipos (João 16.33).

Esse momento é de problema físico, um problema que pode contagiar, enfraquecer e, para alguns de nós, destruir o corpo. Mas há uma promessa garantida de que haverá um dia em que todas as coisas desse tipo cessarão para sempre e estaremos em um lugar onde não haverá mais doença nem sofrimento. Esperança nessa promessa não é um sonho débil e ilusório para aqueles que estão abraçando algum tipo de desilusão religiosa. Esperança na promessa de Deus é uma expectativa segura em um resultado garantido. E essa promessa está chegando — o paraíso aproxima-se e é seu pela graça.

Haverá um tempo — é difícil imaginar — em que olharemos para trás e veremos tudo isso como um breve momento de problema, pois estaremos vivenciando um mundo perfeito, corpos perfeitos, corações perfeitos e um relacionamento perfeito com Deus. Tudo será conforme foi feito para ser e funcionará conforme deveria funcionar — em paz e justiça para sempre e sempre. Esse momento assustador nos lembra de uma das verdades mais preciosas do evangelho. Em vez de focar nos “e se”, que tal meditar nessas promessas de futura glória? Que Deus o abençoe enquanto você faz isso. Fique seguro, abrigue-se em sua casa e lembre-se de Jesus e das glórias do seu evangelho da graça.

___________________________

Paul David Tripp é um pastor, autor e conferencista internacional. Ele também é presidente do Paul Tripp Ministries [Ministério de Paul Tripp]. Ele escreveu diversos livros populares sobre a vida cristã, incluindo “What Did You Expect?” [O Que Você Esperava?”]; “Suffering” [Sofrimento]; “Parenting” [Parentalidade] e “New Morning Mercies” [Misericórdias Renovadas pela Manhã]. Ele mora em Filadélfia com sua mulher, Luella, e eles têm quatros filhos crescidos. Para mais informações e recursos, visite paultrippministries.org.

Tradução por: Rebeca Falavinha | Revisão por: Ana Carolina S. Oliveira

https://www.crossway.org/articles/5-ways-the-covid-19-pandemic-points-us-to-the-gospel/