“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” Eclesiastes 11.1

Imagine um fazendeiro dos tempos bíblicos preparando o solo e plantando suas sementes após as chuvas da primavera. Era um trabalho muito pesado, e todas as sementes pareciam sumir. Mas é preciso dar um tempo.

Imagine agora o mesmo fazendeiro no outono, visualizando sua rica colheita. Com que prazer ele vê os frutos de seu trabalho agora armazenado em seu celeiro! O que você pensaria de um fazendeiro que tenta colher sua lavoura no mesmo dia em que semeia? Ou o fazendeiro que desenterra suas sementes uma semana depois de ver que elas estão germinando? Ou o fazendeiro que não consegue dormir à noite de preocupação, pois ele não vê que a lavoura está pronta para a colheita um mês depois de semear? Quão insensata poderia ser essa atitude!

Como pais e professores, também podemos ser insensatos. Podemos ficar desencorajados se não vemos frutos imediatos após semearmos a Palavra Deus. Podemos também cavar profundamente nas vidas de nossos filhos ou alunos para ver se a semente está germinando. Podemos também duvidar e ficar ansiosos se não vermos frutos maduros imediatos nas vidas de nossos filhos e alunos.

É errado então ficar preocupado se eu não vir frutos armazenados na vida de meus filhos? É errado rogar a Deus que converta meus alunos, se eu só vir em suas vidas palavras e ações pecadoras e mundanas? É claro que não! Nós devemos nos preocupar sobre esses assuntos mais importantes.

Devemos orar e trabalhar, porém, de maneira a permitir que Deus seja Deus em nossas vidas e nos coloque na posição de servos. Temos uma tendência natural de trocar esses papéis. Gostamos de ver frutos na hora, do jeito, e de acordo com a medida que queremos. Quando isso não acontece, podemos crescer duvidosos, desencorajados, e desesperados. Começamos a pensar que todos os nossos esforços como pais e professores tem sido inúteis.

Uma mãe com filhos pequenos pensa: “De que adianta? Eu falo aos meus filhos sobre como Deus quer que sejamos amáveis uns com os outros. Eu os ensino que egoísmo é pecado. Eu os disciplino quando eles pegam algo de seus irmãos e se recusam a dividir. Eu os disciplino tanto que às vezes eu acho que tudo o que eu faço é disciplinar! Mas nada ajuda. Meus filhos continuam egoístas. As vezes fico desanimada. Todos os meus esforços parecem tão inúteis!”

Uma professora do ensino médio raciocina: “Por que continuar? Eu falo aos meus alunos sobre a lei de Deus e as consequências de fazermos as coisas do nosso próprio jeito, quebrando seus mandamentos. Eu os ensino sobre o grande valor de sermos criados debaixo das verdades da palavra de Deus. Eu os disciplino quando eles falam ou agem de forma que claramente contradizem a Bíblia. Mas nada ajuda! No final das contas eu vejo que eles só glorificam mesmo a concupiscência da carne, a a concupiscência dos olhos e a soberba da vida ainda mais do que antes e rejeitam a Aliança que Deus fez com seus pais. Querem ser mais parecidos com o mundo e não valorizam o estilo de vida cristão. Às vezes, fico desanimada. Por que ainda tento?”

Que confusão de papéis. Quem é Deus e quem é o servo? Pense junto comigo. Por que eles estão desencorajados? Não seria porque eles pensam que conseguiriam produzir alguma mudança e alguns comportamentos na vida de seus filhos e alunos e que eles sabem quando essas mudanças devem ocorrer e como devem se apresentar [melhor do que Deus]?

Quando eles percebem que não podem mudar os corações de seus filhos e alunos, e que essas mudanças não ocorrem quando e como eles acham que deve ser, eles desanimam. Mas as mudanças e frutos não são resultados da obra de Deus? Ele não prometeu que iria abençoar sua Palavra, de forma que ela não voltaria para Ele vazia, mas prosperaria (Is 55.10-11)?

Paulo e os Apóstolos podiam apenas plantar; mas é Deus quem dá o crescimento (1Co 3.6). Este pensamento frequentemente desencoraja pais e professores a cumprirem sua função com diligência: plantar a semente, ensinar e e ser um exemplo de Vida conforme a Palavra de Deus

Permita que a repreensão amorosa e a promessa maravilhosa contida neste texto os instrua. Vocês são chamados para “lançar o pão sobre as águas.”

Pela graça de Deus, ore, ensine e viva a palavra de Deus o mais fidedignamente que puder. Essa é sua responsabilidade. Mas deixe Deus ser Deus. Confie que Ele fará a semente criar raízes, crescer, e a fará produzir frutos. Talvez nem demore muito. Isso acontecerá, mas no tempo de Deus e à maneira de Deus.

Essa é a Promessa de Deus. Que fardo pesado de ansiedade pode cair dos nossos ombros quando entendemos qual é a nossa responsabilidade e qual é a promessa de Deus! Deus não nos responsabiliza por converter nossos filhos. Esse é o trabalho Dele.

Um dia, você também olhará para trás admirado com a colheita armazenada nos celeiros celestiais, apesar do quão debilmente você tenha “jogado os pães sobre as águas”. Então, você verá o quão ricamente Deus cumpriu Sua promessa neste verso, “e depois de muitos dias o acharás.” Não existe “talvez” nessas palavras: “o acharás.”

Vocé é pai , mãe ou professor ceifeiro?

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* Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace Truth (Edição online de Março/2011) , traduzido com permissão do editor.

** James Beeke é membro da  Heritage Reformed Congregation em Chiliwack, B.C.  e consultor internacional em educação. Ele é casado com Ruth, tem 5 filhos e 17 netos.

*** Tradução: Adriana Araújo