pilatosA história de Pilatos é muito triste. Ele tinha que tomar uma decisão muito importante, e que terrível escolha que ele fez! Será que ele percebia que grande impacto teria sua decisão? Disso eu não tenho certeza, mas certamente ele sabia que Jesus não era um homem comum. Ele também sabia que Jesus era inocente das acusações que os judeus estavam fazendo contra ele; Pilatos disse: “Não vejo neste homem crime algum” (Lucas 23:4). Sua esposa ainda lhe advertiu: ” Não te envolvas com esse justo [inocente, reto]; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (Mateus 27:19b).  Enquanto as pessoas clamavam pela morte de Jesus, Pilatos tentou distraí-las, propondo-lhes uma escolha: Jesus ou Barrabás. Quando o povo gritou ainda mais alto para que Jesus fosse crucificado, Pilatos perguntou: “Que mal fez ele?” (Mateus. 27:23). Ele não entendia por que os judeus estavam tão determinados a matar aquele homem inocente.

Sabemos que a morte e ressurreição de Jesus foram planejados por Deus. O próprio Jesus se ofereceu como resgate pelo seu povo, e ninguém poderia impedir este plano de salvação. Mesmo assim, Pilatos tomou a terrível decisão de realizar o desejo dos judeus, embora ele mesmo não pudesse encontrar nenhuma razão para levar Jesus à morte. Pilatos não ouviu a sua consciência, e preferiu a amizade do mundo à amizade de Jesus. Esta história que está incluída na Bíblia nos adverte a não fazemos a mesma escolha terrível de Pilatos.

Talvez você queira saber o que a história de Pilatos tem a nos dizer hoje. Nós não somos como Pilatos, não é? Nós acreditamos que Jesus é o Filho de Deus. Embora Pilatos aparentasse ter grande respeito por Jesus, ele não acreditava que Jesus era outra coisa senão um homem inocente das acusações feitas contra Ele por uma multidão enfurecida. Nós sequer teríamos que pensar sobre tal decisão – que escolha fácil para nós! Jesus é o Filho de Deus – nunca O condenaríamos à morte! Certamente O libertaríamos, independente do que as pessoas gritassem para nós. Ou condenaríamos? Embora Jesus já não caminhe mais sobre a Terra como na época de Pilatos, somos responsáveis por nossas decisões assim como Pilatos. Nós também devemos escolher a quem seguir.

Por natureza, ou seja, com coração que nascemos, nós escolhemos o mal. Desde que Adão e Eva pecaram, todos nós nascemos com uma natureza pecaminosa, e em vez de escolher o bem – como Adão e Eva faziam antes de cair -, nós agora escolhemos o mal. Nós somos incapazes de nos purificarmos: “ Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gênesis 6: 5). Isso não significa, porém, que devemos balançar os ombros e usar isso como uma desculpa para cometer o pecado. Nós ainda somos responsáveis ​​por nossas ações, e Deus exige que sejamos puros e santos: ” Seja perfeito o vosso coração para com o SENHOR, nosso Deus, para andardes nos seus estatutos e guardardes os seus mandamentos, como hoje o fazeis” (1 Reis 8:61). Mesmo que nossos corações estejam cheios de pecado, ainda temos uma consciência que nos alerta e um cérebro que pensa. Temos a Palavra de Deus para nos ensinar, assim como temos pais, avós, professores, ministros e outros que nos instruem.

Podemos pensar se vamos ou não colocar em prática nossos pensamentos e desejos maus. Podemos pedir a Deus para nos livrar do pecado e para nos ajudar a fugir da tentação. Nós temos escolhas a fazer, e Deus nos considera responsáveis ​​por nossas ações: “Eis que ponho diante de vós a bênção e a maldição; a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes” (Dt 11:26-28).

Hoje, nós não temos que decidir se Jesus deve ser condenado à morte. Mas somos confrontados com escolhas semelhantes. Quando pecamos, nós também estamos rejeitando Jesus. Como isso é possível, você pergunta? Basta pensar sobre isso por um momento. Quando alguém fala palavrões, você tem uma escolha: rir e participar, ou adverti-lo. Quando seu pai lhe pede para ajudá-lo com alguma coisa, você tem uma escolha: fazer um comentário rude e arrastar seus pés enquanto vai até ele, ou deixar o que você está fazendo e alegremente ajudá-lo. Quando você tem pensamentos pecaminosos, você tem uma escolha: alimentar esses pensamentos e até mesmo praticá-los, ou pedir ao Senhor para tirá-los e ajudá-lo a pensar em algo que O agrade. Toda vez que você se submete ao pecado, você está escolhendo se afastar de Jesus. Você não pode ter tanto pecado quanto Jesus: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha “(Mateus. 12:30).

Você acha que é fácil escolher o bem? Quando seus amigos estão falando palavrões, você não acha que seria difícil adverti-los? Você não ficaria com medo de que eles não fossem mais seus amigos? Talvez eles iriam rir de você e fazer fofocas. Esse era exatamente o medo de Pilatos. Um homem adulto estava com medo de ser ridicularizado. Escute o que as pessoas disseram-lhe: ” A partir deste momento, Pilatos procurava soltar [Jesus], mas os judeus clamavam: Se soltas a este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César!” (João 19:12). Pilatos realmente queria libertar Jesus, porque ele sabia que Jesus era inocente, mas ele cedeu à tentação, porque tinha medo de que César não fosse mais seu amigo. Como é triste! Ele rejeitou Jesus porque tinha medo das pessoas.

Que tipos de escolhas que você faz? Você escolhe o pecado, em vez de Jesus, porque você tem medo de ser ridicularizado? Você escolhe ser amigo de alguém que é uma má influência, mesmo sabendo que isso será ruim para a sua alma? Você entende o perigo? Olhe bem para o que você está fazendo. Para onde suas escolhas levarão você? Todas as escolhas têm consequências, até mesmo suas.

Talvez você até faça boas escolhas, mas despreza os outros que não fazem. Você obedece seus pais e professores. Você nunca se queixa de ir à igreja ou escola dominical. Você faz suas tarefas dedicadamente e sempre entrega seu dever de casa em tempo. Talvez você seja, ainda, o tipo de colega de quem os outros não gostam. Você se sente satisfeito consigo mesmo? Você secretamente pensa que é mais agradável a Deus do que o menino em sua classe que está sempre se metendo em confusão e nunca parece ter feito sua lição de casa? Você acha que tem menos pecado do que aquela menina que é má com suas colegas e rude com seus professores e pais? Caro amigo, você também está em grande perigo. Apesar de sermos responsáveis ​​por nossas escolhas e termos o dever de tomar boas decisões, essas coisas não podem nos dar salvação. Nunca pense que Deus está satisfeito com você simplesmente porque você faz boas escolhas. O problema é a nossa natureza pecaminosa. Talvez você esteja bem comportado por fora, mas o que dizer sobre esses sentimentos em seu coração? Esses sentimentos de condescendência, que significa olhar para os outros com orgulho, pensando que você é melhor do que eles. Você pode apontar os pecados dos outros, mas o que dizer sobre o seu próprio pecado? Você acha que você tem menos pecado do que as outras pessoas? Quando você vê um colega de classe ficar em apuros – novamente – você tem sentimentos de desprezo e auto-justiça? Você critica os outros com facilidade? Será que o seu próprio pecado nunca te incomoda? Se não, então lembre-se que você está cheio de pecado aos olhos de Deus.

Isso te deixa surpreso? Mas, isso é verdade. Nenhuma quantidade de boas obras pode lavar nossos pecados. somos totalmente depravados: “Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas” (Is 1:5,6).

Alguns de vocês talvez já tenham descoberto a terrível verdade de que não temos nada de bom em nós. Mesmo quando você faz boas escolhas, você percebe que o pecado ainda está misturado com elas? Você sente que não pode se livrar do pecado em seu coração? Você já descobriu que nunca poderá fazer nada que seja bom o suficiente para ganhar o favor de Deus? Então, o Senhor Jesus tem uma mensagem para você: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Isaías 1:18). Como Deus pode prometer isso? Isso só é possível porque Jesus foi condenado à morte e ressuscitou. Ele pagou o preço: ” Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:4-5). Mesmo que tenhamos escolhido ver Jesus espancado e castigado por Deus, Ele levou os nossos pecados. Oh, que amor incrível! Ele sofreu e morreu por pessoas que escolheram condená-Lo à morte! Você pode escolher ficar contra este grande Salvador? Você vai escolher rejeitar este Cordeiro de Deus? Você sente que está tão cheio de pecado que pode ser rejeitado? O Senhor Jesus já sabe que nós transbordamos com o pecado, e ainda assim Ele nos chama a ir até Ele. O que agrada a Deus é um pecador que não tem mais desculpas, que não tentam fingir ser melhor do que outra pessoa.

Nunca se aproxime de Deus com suas boas escolhas; em vez disso, confesse seu pecado. Há misericórdia com o Salvador. Ele já pagou o preço. Ele te chama a clamar por Ele. Davi sabia que não havia nenhum bem em seu coração por natureza. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Sl. 51:10). Você não pode consertar seu coração pecador; ele deve ser substituído pelo Espírito Santo: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2. 8). Será que Ele só dá este presente a algumas pessoas especiais? Não, Ele dá livremente a quem O pede. “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3: 9).

2014-09-18

 

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*Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace Truth (Edição online de Fevereiro de 2008), traduzido com permissão do editor.

** Diana Kleyn é membro da Heritage Netherlands Reformed Congregation, em Grand Rapids, Michigan. Ela é mãe de três filhos, e ama ajudar crianças a compreender e abraçar as verdades da Palavra de Deus. Ela escreve mensalmente para a seção infantil na revista The Banner of Sovereign Grace Truth, e é autora de vários livros para crianças publicados pela editora Reformation Heritage Books, vários em parceria com o Dr. Joel Beeke, dentre eles, Heróis da Reforma, ainda não publicado em português.

*** Tradução: Arielle Pedrosa