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O amor da família está enraizado na criação. Pela misericórdia de Deus, os seres humanos caídos ainda tendem a manter um amor natural por suas famílias. Apesar do mal, os pais dão bons presentes a seus filhos (Mt 7:9-11). A bondade familiar freqüentemente desperta o amor entre os iníquos (5:46–47). Somente quando Deus permite que o pecado siga seu curso completo, o amor próprio do homem destrói a afeição natural e desintegra a família (2Tm 3:1-4). Essa é a tragédia que se desdobra na cultura ocidental.

O verdadeiro amor cristão por nossa família é maior do que a afeição natural, pois esse amor não nasce da carne ou da vontade do homem, mas brota de Cristo e Ele crucificado. Deus enviou Seu Filho como sacrifício expiatório pelos nossos pecados para levar o julgamento justo que nossos pecados mereciam – “aqui está o amor” (1 João 4:10, KJV aqui e abaixo). No nosso melhor, somos pecadores que merecem a ira de Deus, mas Ele nos ama ao mais alto grau. A afeição natural é uma extensão do amor-próprio, mas a cruz incute o amor auto-sacrificial em nossas almas. Todo fracasso em amar nosso pai, mãe, irmã, irmão e outras relações pode ser atribuído a uma falha em abraçar a Cristo crucificado com uma fé viva.

O verdadeiro amor cristão por nossa família é maior do que a afeição natural, pois esse amor não nasce da carne ou da vontade do homem, mas brota de Cristo e Ele crucificado.

A família cresce a partir do vínculo matrimonial entre marido e mulher. Nenhum outro relacionamento envolve nossa alta vocação para refletir o amor de Cristo: esposas em sua submissão reverente e maridos em seu serviço de auto-sacrifício (Efésios 5:22-25). Juntos, marido e mulher devem tornar-se melhores amigos através de sua vida compartilhada em Cristo (vv. 28-30). Ou, se o cônjuge cristão não é crente, então o filho de Deus deve viver perante seu cônjuge não convertido na esperança de ganhar o pecador por testemunha da beleza da santidade, da castidade e do temor piedoso (1 Pedro 3:1-4). Quando levar a cruz no casamento penetra nossas almas, devemos lembrar que Deus planejou o casamento para mais do que a nossa satisfação. O casamento existe para a glória de Deus. Um cônjuge amoroso é imagem de Deus (Gn 1:27).

Juntos como amantes e colaboradores, marido e mulher amam seus filhos, com o homem assumindo a responsabilidade principal: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.”, isto é, dá-lhes o que precisam para sobreviver e prosperar no corpo e na mente (Efésios 6:4). Isso transcende as coisas deste mundo e abrange “a disciplina e admoestação do Senhor” (v. 4).

Os pais cristãos agem em união com Cristo, nosso Mediador, pois como membros Dele, eles compartilham de Sua unção. Consequentemente, eles devem amar seus filhos como profetas sob o grande Profeta, pregando a Palavra de Deus para eles com paixão e amor (Dt 6:6-7). Eles devem amar seus filhos como sacerdotes sob o Sumo Sacerdote com terna misericórdia, intercessão diária e adoração conjunta no lar e na igreja (Heb. 2:17–18; 4:14–16; 10:19–25; 13:15). Eles também devem amar seus filhos como reis sob o Rei supremo, protegendo-os contra influências corruptoras e predatórias (João 10:12-14) e governando-os com disciplina para treiná-los no caminho da paz (Is 9:6-7). No entanto, eles devem lembrar que eles mesmos não podem salvar seus filhos, pois há apenas um Mediador (1Tm 2:5-6), e às vezes o evangelho divide uma família como uma espada (Mt 10: 34-36).

Pais e mães, Jesus é seu profeta, sacerdote e rei? Você está agindo em nome de Jesus como profetas, sacerdotes e reis em sua casa com perseverança, por amor a Ele?

O amor de uma criança por seu pai e sua mãe se mostra em submissão à sua autoridade e receptividade à sua instrução, como Deus ordena (Efésios 6:1–3). Uma criança pode honrar seus pais corretamente somente pela fé, em união e comunhão com Jesus Cristo (“no Senhor”, v. 1). Filhos e filhas, vocês são como ramos que habitam na videira (João 15:5), atraindo o amor de seus pais por Jesus Cristo através da fé?

Com o tempo, as crianças crescem e os relacionamentos se multiplicam. O amor exige que os pais treinem crianças mais velhas com maior liberdade para viver como membros responsáveis ​​da sociedade. Eles devem sentir o peso de prover para si mesmos: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma ” (2 Tessalonicenses 3:10). O amor nos guia a receber nossos genros e noras como nossos próprios filhos, mas também a libertar esses novos casais para formar suas próprias famílias: eles devem “deixar” para “unir-se” (Gênesis 2:24). Não temos autoridade para continuar a governá-los, mas devemos sempre amá-los, demonstrar interesse pelos bons procedimentos de Deus e oferecer-nos como conselheiros fiéis (Êxodo 18:7–9, 13–24).

Os filhos adultos nunca deixam para trás o dever de honrar e amar seus pais, pois abandonar seus pais idosos contradiz tanto a lei quanto o evangelho (Mt 15:3-6; 1Tm 5:8, 16). Por sua parte, os avós e bisavós devem dar exemplos de fé perseverante, orar muito por seus descendentes e compartilhar a sabedoria de Deus com eles, para que a bênção de Deus estenda-se a mil gerações (Dt 7:9).

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*Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace Truth  , traduzido com permissão do autor.

**Dr. Joel Beeke é presidente e professor de teologia sistemática no Puritan Reformed Theological Seminary (EUA). É pastor da Heritage Netherlands Reformed Congregation, editor da Banner of Sovereign Grace Truth, diretor editorial de Reformation Heritage Books, presidente da Inheritance. Foi co-autor, escreveu ou editou mais de 50 livros, dentre os quais, “Vivendo para a Glória de Deus” e “Vencendo o Mundo”. Obteve seu Ph.D. em Teologia da Reforma e Pós-reforma no Westminster Theological Seminary. Ele é convidado freqüentemente para lecionar em seminários e pregar em conferências ao redor do mundo. Ele e sua esposa, Mary, foram abençoados com três filhos: Calvin, Esther e Lydia.

*** Tradução: Tchai Mussi