Apenas a graça de Deus é irresistível

Fonte da Imagem : Pinterest

            Chegamos ao ponto em que você deve ter enxergado a necessidade de uma alimentação saudável e moderada, mas você ainda poderá dizer que é difícil mudar o comportamento alimentar. Sim, eu não disse que seria fácil, mas você deve buscar pôr em prática tudo que foi falado anteriormente, conforme o Senhor requer.

            Se uma nutricionista falar que você deve parar de comer chocolate, pizza, refrigerante ou até mesmo algo que não seja maléfico, mas a sua condição de saúde exige que seja restrito, como por exemplo: as frutas ácidas em caso de refluxo gastresofágico, ou o café em caso de gastrite, como você iria reagir? Já ouvi frases como: “Eu não consigo viver sem comer chocolate; “Eu não consigo resistir ao refrigerante; “Eu não consigo comer moderadamenteou até mesmo “Eu não consigo comer nada”.

            Frases como essas não apontam para glória de Deus, apenas expressam que você não tem domínio próprio diante do alimento; e que comer demasiadamente o chocolate e tomar refrigerante impulsivamente é melhor do que obedecer ao Senhor, que é o dono do seu corpo e requer que você o mantenha saudável.

            Não estou falando que você não deve comer de modo nenhum chocolate, tomar refrigerante ou comer pizza. Não é isso! Estou falando que você deve ter domínio próprio, ser moderado e oferecer a si mesmo bons nutrientes constantemente. Isso implica dizer que tudo pode de vez em quando, porém tenha em mente que não deve ser algo rotineiro, pois a grande frequência da ingestão desse tipo de alimento não será benéfico para sua saúde. 

            Nós temos paixões e elas são muito poderosas, mas precisam ser mantidas sob controle. Onde está o controle do seu apetite? Você deve saber a linha tênue do que é apropriado e do que é pecaminoso no seu hábito alimentar. Você deve se auto examinar e romper com a escravidão dos hábitos alimentares destrutivos. A única coisa que é irresistível é a Graça de Deus, não faça do alimento um ídolo em seu coração.

Como ajudar os que tem compulsão ou transtorno alimentar

            Dentro do comportamento alimentar está incluso os padrões de compulsão alimentar ou também aquilo que chamamos de transtornos alimentares, como é o caso da bulimia, anorexia e a vigorexia. Tanto essas compulsões como seu apego ou descontrole com determinados alimentos devem ser revistos diante uma cosmovisão bíblica. O excesso e a falta do alimento não é saudável para uma conduta cristã. Lembre-se que você deve ser temperante e moderado, como Paulo diz em Gálatas 5.22-23.[1]

            Normalmente esses casos de compulsão provém da insatisfação corporal e proporcionam atitudes como: ficar sem se alimentar, como é o caso da anorexia, ou fazer com que o alimento após sua ingestão saia do seu corpo (método purgativo), como é o caso da bulimia. Qual o motivo dessa conduta? Não engordar e ter um corpo “perfeito”? Coloco entre aspas pois só teremos um corpo perfeito na eternidade.[2] Cuidado com a idolatria do corpo!

            Atitudes como essas não glorificam a Deus e nós devemos glorificar a Deus com o nosso próprio corpo conforme diz Paulo em 1 Coríntios 6.20: Porque vocês foram comprados por preço. Agora, pois, glorifiquem a Deus no corpo de vocês. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja[3] e lembre-se de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.[4] E uma delas é a moderação e a mordomia cristã com o seu próprio corpo, sendo sóbrio com o uso do alimento.

            No âmbito profissional, como nutricionista, deve ser identificado e corrigido os erros alimentares. Deve ser observado como é a relação da pessoa com o alimento, entender o motivo pelo qual é apresentada essa compulsão. É necessário mostrar exemplos de padrões de fome e de consumo alimentar, verificar as necessidades de nutrientes e dar as orientações necessárias para cada caso.

            É essencial que a pessoa compulsiva tenha o conhecimento genuíno sobre como o alimento pode ajudá-la, para que ela possa utilizar do seu benefício e não do seu malefício. E mostrar também os prejuízos ocasionados pela restrição alimentar extrema, bem como dos métodos purgativos, não só verbalmente, mas também visualmente, dependendo da pessoa, até mostrar estudos científicos como base. Não anulo o fato que existirá casos que seja necessário o uso de medicamentos específicos ou outros processos, por isso é importante ter um acompanhamento multidisciplinar.

            Mas lembrem-se sempre: O alimento foi dado por Deus graciosamente para o nosso sustento, para que possamos viver e servir a Ele. Podemos comer com satisfação, pois o alimento é bom. Mas devemos comer sempre em submissão a Deus.[5] Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.[6]


[1] Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

[2] Filipenses 3.21.

[3] Efésios 5.29.

[4] Romanos 12.2.

[5] Maria Cecilia Alfano. Comer ou não comer? Ed. Nutra Publicações. p. 16.

[6] 1 Coríntios 10.31.

_____________________________

Pernambucana, 23 anos, Nutricionista, formada em bacharel em Nutrição (UFPE); Pós-graduanda em Nutrição e doenças crônicas não transmissíveis (FAVENI); Vem atuando em modulação da microbiota intestinal; faz parte da equipe do Projeto Missionário Compaixão, Eva Reformada e colunista no Filhas da Graça;