Fonte: MyStudios

Fonte: MyStudios

Agar foi uma vítima. A vida parecia oferecer a ela apenas circunstâncias negativas que estavam fora de seu controle. Ela nasceu no Egito, mas não era livre. Em algum momento de sua vida, ela se tornou serva de uma mulher mais velha e seu marido e passou a viver uma vida nômade, percorrendo Canaã e servindo a esse casal. Essa provavelmente não foi sua primeira opção para a vida; e as coisas pareciam que apenas pioravam.

Sua senhora, Sarai, e seu senhor, Abrão, serviam um Deus que eles diziam ser o único Deus verdadeiro, e esse Deus prometeu a eles que teriam um filho. Deus tinha apontado tanto para as estrelas brilhantes espalhadas pelo céu acima deles quanto para os poeirentos grãos de areia abaixo deles, quando prometeu que sua descendência seria igualmente numerosa. Por meio desse filho especial, todas as famílias da terra seriam abençoadas. E Abrão acreditou nessa promessa!

Mas isso não mudava os fatos. Mês após mês, Sara continuava sem filho, e mês após mês sua confiança no plano de Deus era testada. Os anos voaram e logo Sarai completou 76 anos de idade. Em desespero, ela se voltou a Agar como resposta para sua própria falta de filho. Se Agar, como serva, provesse a Abrão um filho, o filho seria considerado de Sara, e a promessa de Deus seria então cumprida. Abrão ouviu o plano de Sara, e, assim, Agar se tornou vítima de um esquema que não era dela, um esquema que envolvia tentar pressionar o Deus todo-poderoso para executar Sua promessa no tempo deles.

Deus parecia abençoar o plano de Sarai. Depois de se tornar esposa de Abrão, Agar engravidou. Naquele momento decisivo quando ela se deu conta de que estava grávida, toda a vida de Agar sofreu uma reviravolta. Ela não era mais apenas uma escrava egípcia. Ela não era mais uma vítima impotente. Agora ela estava carregando em seu útero o herdeiro de uma das maiores promessas, ou pelo menos era isso o que todos eles acreditavam. Agar fez o que sua senhora, Sarai, fora incapaz de fazer. E, naquele momento, Agar começou a menosprezar Sarai.

Não demorou muito até que Sarai se arrependesse de sua decisão. Na sua raiva e tristeza, ela acusou Abrão de ter agido errado e apontou o desdém de Agar por ela. Abrão em resposta disse a Sara que ela poderia fazer o que quisesse com Agar, uma vez que era sua serva. Tão rápido Agar se tornou importante, tão rápido a mesa virou. Ela se tornou mais uma vez uma vítima, dessa vez da raiva e ciúme de sua senhora. Sarai tratou-a com severidade, mas Agar, em defesa, fugiu pelo deserto em direção ao Egito, sua terra natal.

Mas onde estava o Deus de Abrão e Sarai nesse tempo todo? Será que ele sequer notou o drama entre a serva e sua senhora? Será que Ele viu as circunstâncias indesejáveis de Agar, como ela foi forçada a atuar tantos papeis que não foram de sua escolha? Será que Ele notou sua dor, revolta, amargura e lágrimas? Sim! E em Sua misericórdia, Ele se inclinou para essa serva confusa, oprimida, insolente e estrangeira. Não, ela não seria a mãe do herdeiro de Sua promessa, mas, sim, Ele se importava com ela. Numa fonte de água no deserto, o Anjo do Senhor apareceu a Agar, perguntando a ela de onde ela tinha vindo e para onde ia. Depois de Agar confessar a verdade, o Anjo do Senhor disse a ela: “Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos”.

Agar estava para voltar ao seu lugar devido. Durante todo esse tempo, em que parecia que Agar era vítima das circunstâncias incontroláveis da vida, ela estava exatamente onde Deus queria que ela estivesse. É inegável que ela sofreu por causa dos pecados dos outros; ainda assim, foi dito a ela que retornasse.

Mas o Anjo do Senhor não a deixou apenas com uma difícil tarefa para cumprir. Deus ouviu a aflição de Agar e prometeu que ela conceberia um filho e que ele se chamaria Ismael. Ele seria um homem selvagem e se tornaria uma grande nação tão numerosa que não poderia ser contada. Com essa grande promessa, o Anjo deixou Agar. Não sabemos sobre o relacionamento de Agar com Deus antes desse evento, mas, independentemente disso, ela agora estava compelida a permanecer no temor desse Deus que a viu. Agar chamou Seu nome por “Deus que vê”, reconhecendo que ela havia visto o Deus vivo. Voltando atrás, Agar obedientemente traçou seu caminho de volta a Abrão e Sarai.

Como você responde às aflições em sua vida? Você se sente como a vítima de um evento negativo após o outro? Há tantas coisas que podem dar errado em nossas vidas, tantas coisas que parecem estar fora do nosso controle. Então, quando os eventos se amontoam, nós podemos ficar tentados a lamentar com Jacó: “Todas estas coisas me sobrevêm”; como Agar, nós tentamos fugir do nosso chamado.

Mas o “Deus que vê”, que falou com Agar em sua aflição, é o mesmo Deus hoje. Ele continua a ver os oprimidos e os sobrecarregados de tribulações, angústia e pecado. Ele promete muito mais do que deu a Agar: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28).

__________________

andrea-scholten*Esse artigo foi originalmente publicado na revista The Banner of Sovereign Grace Truth (Edição online de agosto de 2016) , traduzido com permissão do editor.
**Andrea é professora e escritora para crianças. Ela é casada com Josh Scholten e vivem em Grand Rapids, Michigan. Eles são membros da Heritage Netherlands Reformed Church.

*** Tradução: Rebeca Romero