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Uma mulher confiável

Agora vamos falar de maneira específica às mulheres! E nesta 2ª parte, às casadas.
Como o grande chamado da mulher está no interior de seu lar, algumas podem pensar que falar de finanças não tenha a menor importância a este público. Ledo engano! Na boa intenção de fugir do nocivo legado feminista, no qual o igualitarismo entre homem e mulher é o que impera em todos os âmbitos (na família não seria diferente), algumas mulheres têm corrido para o outro extremo, o de se alienarem por completo deste assunto. Quão prejudicial pode ser uma mulher que não tem noção do estado financeiro de sua família. Uma esposa que não é consciente das finanças poderá ser a culpada pela existência de um “saquitel furado” no orçamento familiar.
Mesmo que você não contribua diretamente com a entrada de verba, não podemos nos esquecer de que Deus nos atribuiu a honrosa missão de sermos auxiliadoras de nossos maridos. Por que as finanças não estariam incluídas na atuação da grande vocação das casadas?! Como está em Provérbios 31: 11 e 12 “O coração de seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho. Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias de sua vida.” Sua diligente administração dos bens deixa o coração de seu marido tranquilo? Ele pode confiar em você como uma esposa parcimoniosa, sábia e responsável para com as finanças da família? Devemos ser dignas de confiança em todas as áreas, principalmente aos nossos maridos, sendo sua retaguarda.
Podemos apoiar mais ativamente aos nossos esposos, buscando nos aprimorar como auxiliadoras em diversos aspectos. Devemos facilitar o dia a dia deles, não os sobrecarregando com atividades que podemos fazer, como uma ida ao banco, pagamento de contas pela internet, auxílio na administração de aluguéis e outros bens, acompanhamento do saldo de contas bancárias, etc.
O marido como provedor e líder de sua família deve coordenar as finanças, mas isto pode ser de maneira mais macro. Algumas mulheres têm uma maior habilidade nata com finanças do que seus esposos. Ótimo! Esta é uma grande oportunidade de auxiliar brilhantemente ao seu marido! Alguns casais podem optar por ter a função da administração do dinheiro, delegada à esposa.

Administradora do Lar
A mulher de Provérbios 31 tem muitas virtudes, dentre elas, a de ser empreendedora (versos 13, 14, 16 e 24). Apesar das variadas interpretações acerca desta sua qualidade, podemos certamente afirmar que a mulher que ama a Deus em primeiro lugar e concentra seus cuidados, empenho e afeto à sua família, exercerá suas funções com alegria visando principalmente o benefício do esposo e dos filhos, sem se importar com atividades concorrentes que poderiam lhe render algum lucro financeiro apenas.
Lydia Brownback faz uma importante observação neste sentido: “A sociedade nos diz que as mulheres são falhas se não maximizarem seu potencial, ou se fizerem sacrifícios em benefício de suas famílias… Observemos o contexto no qual a mulher de Provérbios 31 exerceu sua habilidade em negócios. Ela os usava para o bem dos outros, especialmente de sua família. Em nenhuma parte desta passagem de Provérbios, encontramos algo que a descrevesse trabalhando fora, buscando algo enriquecedor, para reconhecer seu potencial ou encontrar realização pessoal”.
O foco da mulher temente ao Senhor está em sua família e no lar onde moram, conforme encontramos em outro trecho de Provérbios 31, agora no verso 27: “Atende ao bom andamento de sua casa, e não come o pão da preguiça.” Sendo assim, vejamos alguns exemplos práticos da nossa contribuição como a responsável pelo bom andamento do lar:
– Seja uma compradora hábil e sábia: Pesquise por ofertas; Busque os produtos com a melhor relação custo x benefício; Peça descontos; Evite comprar por impulso e analise cuidadosamente cada compra; Priorize a compra de artigos essenciais e deixe os supérfluos para momentos de “vacas gordas” na renda familiar; Evite passear em tempos vagos por shoppings ou lugares com muitas lojas para evitar o gasto demasiado e desnecessário; Ao ir ao mercado ou em outro local de compras necessárias, leve uma lista previamente elaborada com todos os itens que sua família de fato precisa; Não ceda a toda data tida por comemorativa comercialmente (natal, dia das mães, dos pais, das crianças, dos namorados, e assim vai), pois isto seria prejuízo na certa. Caso queira presentear as pessoas mais próximas e queridas, busque ser criativa, usando dotes manuais ou culinários; Lembre-se de que roupas, sapatos, cosméticos, bijuterias e afins, não são investimentos – compre-os com parcimônia;
– Economias e investimentos: Há uma máxima que diz “Todo dinheiro não gasto é dinheiro poupado”. É importante separar um percentual da renda mensal para poupar. Procure os melhores rendimentos, informando-se com o gerente do banco e/ou amigos habilidosos financeiramente; Busque investimentos a médio e longo prazo, pois eles são menos suscetíveis a variações momentâneas do mercado e é onde conseguimos negociar melhores taxas de retorno; Busque economizar no dia-a-dia para possibilitar, por exemplo, um gasto maior uma vez ao ano para realização de uma viagem especial nas férias com a família;
– Consumo inteligente: Esteja sempre atenta para o uso correto e evite desperdícios de recursos como água e luz e, de alimentos e outros produtos. Além de economizar os gastos, temos que agir como bons mordomos de tudo o que Deus tem nos dado (como vimos na 1ª parte deste texto). Oriente seus filhos neste sentido também;
– Organização: Planejar com antecedência o custo de um projeto maior (uma reforma, mensalidades de uma faculdade, compra de um imóvel, carro ou viagem) é sempre algo sábio (Lc 14:28); Se for necessário, mantenha planilhas atualizadas de controle dos gastos ou de todos os investimentos familiares; Pague as contas em dia e jamais entre em cheque especial e crédito rotativo do cartão, pois além da importância de cumprir seus compromissos e zelar pelo bom nome (Pv 22:1), os juros são gastos desnecessários e muito altos; Viva dentro das suas possibilidades, não gastando mais do que poderia. Se necessário, estabeleça limites de gastos mensais para não ultrapassar o orçamento familiar; Evite ao máximo endividar-se com uma pessoa ou uma instituição, pois é sempre um negócio arriscado (Pv 22:7);
– Empreendedorismo: Esteja atenta a possibilidade de novos investimentos para maximizar os recursos de sua família (Pv 31:16); Em tempos de necessidades específicas, você pode prestar certos serviços, desde que não prejudique o cuidado com sua família e a rotina do lar. Ainda cabe dizer que existem momentos na vida da mulher que estes trabalhos interferem menos no cuidado exemplar do lar, como quando solteira, ou casada que ainda não têm filhos e com os filhos já na fase adulta.*
Neste último ponto, cabe um alerta quanto ao que classificamos como uma “necessidade”. Brownback afirma o seguinte: “Em nossa sociedade é muito fácil confundir a necessidade financeira com o desejo financeiro.” Devemos sondar os nossos corações constantemente para não sucumbirmos ao modismo e ao consumismo de nossa era, chamando de necessidade o que de fato não é. A cobiça por ter sempre mais ou a vontade de “estar na moda” não condizem com o estilo de vida de uma mulher piedosa que busca ter um espírito manso e tranquilo, um coração grato e contente, que prioriza e preserva o que Deus em Sua santa vontade determina. Na passagem de 1 Timóteo 6:6-8, o apóstolo Paulo diz que devemos nos sentir satisfeitas com o básico.

Usufruindo das dádivas
A Bíblia está repleta de ensinos sobre como devemos lidar com o dinheiro prudentemente e, admoestações para que nossos corações não amem as posses. Por outro lado, não podemos nos esquecer de que a Palavra nos orienta também a usufruir com alegria das bênçãos dadas pelas bondosas mãos do Senhor e, isto também Lhe traz honra. “Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus.” Eclesiastes 5:19. Ser rico não é pecado! Deus decidiu soberanamente cada detalhe na vida das pessoas, abençoando pela graça comum a crentes e a ímpios (Pv 15:3; Sl 104:14). Aos cristãos cabe a busca e o privilégio de viver todos os aspectos para glorificar ao Senhor (1Co 10:31), Criador e Mantenedor de todas as coisas.
Dentre as muitas habilidades que Deus atribuiu à mulher, está a facilidade maior em promover relacionamentos, e com isto também devemos auxiliar nosso marido. Neste sentido, podemos lembrá-lo de que prover para o lar não é somente para o sustento, mas também preparar-se financeiramente para as diversões, necessárias e que glorificam a Deus quando gozamos o ganho de nossa renda. Após ter suprido nosso lar, ajudado ao próximo e, em tudo, administrado bem os recursos, é mais do que lícito, é desejável ter momentos de diversão em família e com os irmãos em Cristo.
Precisamos buscar ter atividades que promovam a comunhão e a alegria de estarmos juntos dos nossos amados. Isso implica em esforços com propósito e planejamento. Sim, planejar permite concretizar boas intenções! Provérbios 21:5 diz: “Os planos do diligente tendem à abundância, mas a pressa excessiva, à pobreza”. Mais do que fartura de bens materiais, desejamos a abundância de momentos felizes e bem estar para nossa família e amigos.
Carolyn Mahaney, em um de seus livros, cita exemplos interessantes neste sentido: “Periodicamente, separo um tempo só para pensar em cada membro de minha família: do que aquela pessoa gosta, o que prenderia sua atenção ou a animaria. Posso planejar algo elaborado, como uma surpresa para meu marido à noite, ou algo simples, como a sobremesa preferida de meu filho. Procuro opções de passeio para a família, organizo saídas semanais com as meninas e procuro atividades que fiquem na lembrança como coisas especiais feitas em conjunto.” E tantas outras boas ideias podemos ter para promover momentos agradáveis em família e com os irmãos, como: Convidar de tempos em tempos famílias da igreja para almoçar ou jantar em nossa casa, levar as crianças a um parque ou zoológico, ir ao cinema e sair para jantar com o marido, programar uma viagem mais incrementada uma vez ao ano, etc.
Voltando a mencionar a mulher virtuosa de Provérbios 31, vemos que ela buscava o melhor para si e para os seus. Lã escarlate, linho fino e púrpura não eram tecidos baratos. Estar consciente do orçamento familiar e viver conforme suas reais possibilidades é economizar onde for possível, mas também é perceber quando vale a pena investir um dinheiro a mais. “Às vezes, ao considerarmos as grandes necessidades do mundo, nos sentimos culpadas por gastar dinheiro com coisas agradáveis… Em circunstâncias normais, ter coisas boas é um dos benefícios dados por Deus, ao viver com sabedoria… ter coisas boas não é algo que vem à custa de outras prioridades. Ela (a mulher virtuosa) era capaz de dar aos pobres e de prover para toda a sua casa.”, lembra Lydia Brownback.
Todo o livro de Provérbios foi escrito associando a obediência a Deus com um viver sábio e próspero. A estrutura básica dele é mostrar que o temor ao Senhor traz por consequência a sabedoria e a prosperidade. É nesse sentido que o autor do capítulo 31, menciona alguns artigos luxuosos do uso desta mulher e de sua família, evidenciando este vínculo.
Apenas para não gerar dúvidas quanto às afirmações do paráfrafo anterior, é importante lembrar que a melhor forma de estudarmos o livro de Provérbios (tantas vezes citado aqui) é vendo-o como um conjunto de observações ou princípios, NÃO de promessas. Os desígnios de Deus para cada um de nós sempre são os melhores, seja na abundância ou na escassez. Por que a maior riqueza, Ele já nos concedeu – Cristo Jesus. E por meio das circunstâncias, Ele quer nos lapidar a imagem do grande Filho Sábio para qual Provérbios aponta!

2015-05-27

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* Gostariamos de enfatizar que a posição do blog Mulheres Piedosas acerca do trabalho feminino fora de casa é de que:

1) A mulher é chamada para ser esposa e mãe e essa é a sua vocação primordial. Ela deve se dedicar ao auxilio de seu marido em seu lar e à educação de seus filhos como sua tarefa primária.

2) Em casos de necessidade, ou em caso de mulheres solteiras, ou quando lhe sobre tempo, não é pecado que a mulher trabalhe fora, desde que ela não perca de vista qual é a sua vocação principal e que ela tenha condições de administrar o seu lar e educar seus filhos, quando os tiver, ensinando-lhes o caminho em que devem andar sem negligência pelo cansaço e falta de tempo.

3) Consideramos pecaminoso que mulheres usem como desculpa a prioridade que a mulher deve dar ao seu lar para dar vasão à preguiça, ócio ao invés de se dedicar ao trabalho árduo de serviço à sua familia e igreja.

4) Entendemos ser pecaminosa a busca de um trabalho por motivos egoistas, vaidade, insubmissao ao marido ou que impeça o bom desempenho da sua principal vocação, a de esposa e mae.

5) Recomendamos a busca de conselho da liderança espiritual ( pastores e presbíteros) para cada caso, dada a dificuldade de aplicação da regra geral à situações especificas.

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CarolAna Carolina S. Oliveira é casada há oito anos com Eduardo R. Oliveira, presbítero membro do Conselho da Igreja Presbiteriana em Poá-SP. É mãe de Sara de 4 anos e Leonardo que completará 1 ano de idade. Na igreja, realiza aconselhamento e discipulado com mulheres, atua na Sociedade Auxiliadora Feminina e realiza palestra para mulheres. Também possui formação em Comunicação Social e Pós graduação em MBA. Ela dedica-se em tempo integral à família e ao lar.