Como todas as pessoas da minha idade, cresci junto com o crescimento da internet. Assisti ao lançamento das redes sociais e ao crescimento do papel que elas passaram a ocupar na vida das pessoas. Através da internet adquiri conhecimento, informação e até conheci algumas pessoas. Fui edificada através de leituras, vídeos, palestras e reflexões vistas aqui e ali.

Fonte da Imagem : Children in Art History

E como a maioria das pessoas dos nossos dias, uso a internet em base regular para fazer uma grande variedade de coisas. Como toda ferramenta, quando a internet é usada para a glória de Deus, ela pode trazer inúmeros benefícios para a nossa vida. E como toda ferramenta, ela também pode se transformar em maldição por diversos motivos. Um deles é quando as coisas boas proporcionada pelo seu uso ocupam, em nossas vidas, o espaço de coisas que Deus criou e não gostaria que fossem substituídas — por exemplo, a comunhão e o aprendizado que apenas o convívio na igreja local pode nos dar.

E qual o grande problema disso?

Deus nos colocou em igrejas por um motivo. E, quando se trata de ordenanças divinas, podemos ter a certeza de que possuem maior excelência do que qualquer coisa que nossas mentes modernas possam inventar.

Ele nos deu um pastor que tem a responsabilidade de se dedicar ao estudo da Palavra e, por isso, temos o privilégio de sermos cuidados de perto. Ler bons livros, assistir palestras ou pregações pela internet pode ser algo benéfico. Mas nada substitui o a benção que é ser pastoreado. Ouvir a palavra de Deus domingo após domingo, como igreja, todos reunidos, é uma benção incomparável e não pode ser substituída por uma pregação online assistida individualmente.

Deus instituiu também um conselho de presbíteros que pode nos servir ao nos ajudar em problemas cabulosos. Seja sendo disciplinados, admoestados, consolados ou fazendo justiça quando somos injustiçados. Quantas situações difíceis não podem ser resolvidas através de ou com o auxílio do conselho da igreja? Simplesmente não podemos substituir isso por uma caixinha no Instagram que não cabem 100 caracteres, que dirá quando passamos por problemas complexos nas nossas vidas.

Além disso, existe o ministério dos diáconos, que pode nos servir quando estamos  

passando por alguma necessidade ou dificuldade. Eles são responsáveis por ter um olhar atento às famílias das igrejas, ou a receber essas situações e administrá-las para que as famílias da igreja não fiquem sem assistência. Já vi queixas de pessoas que reclamavam que sua igreja não as ajudava. Mas será que buscaram por ajuda? Será que buscaram a liderança da igreja local ou escolheram primeiro reclamar para um desconhecido?

Além disso, ao viver em comunidade, temos inúmeras oportunidades de aprendizado. Cristãos mais experientes podem servir aos menos experientes com seu conhecimento e sabedoria. Crentes mais jovens podem ajudar os mais velhos com sua força e vigor. Ah, quão linda é a vida em igreja! Não podemos negligenciar isso ou substituir por algo que não é ruim em si, mas certamente é inferior.

Além disso, existe um campo de ação dedicado exclusivamente às mulheres que corre grande risco de ser substituído.

“Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.” (Tito 2.3-5)

Textos, livros, palestras, dicas e tudo o mais são excelentes! Mas nada substitui a comunhão intencional que cumpre Tito 2. Particularmente, devoro bastante conteúdo sobre feminilidade e vida cristã nas redes sociais, mas devo dizer que as maiores lições que tive e que mudaram meu comportamento foi em contato com outras irmãs.

Certa vez, escutei uma irmã falando que amava cuidar de seu lar. Parei para pensar que frequentemente reclamava dos meus afazeres e que deveria mudar isso. Outra vez, sendo hospedada na casa de uma outra irmã, vi a forma servil e respeitosa pela qual ela servia ao seu marido nas refeições. Parei para pensar que esse é um costume que eu gostaria de ter. Cresci em um lar em que a dona dele, minha mãe, sempre valorizou mais os momentos em família do que a bagunça que eles causavam, e eu carrego isso comigo até hoje. Ao ajudar algumas mães com crianças pequenas, percebi muitas batalhas que posso precisar lutar um dia e também o exemplo de mães cristãs que lidaram com elas de maneira bíblica.

Eu poderia escrever um livro sobre isso, pensando em todas as formas em que

outras irmãs cristãs causaram um impacto em mim, mesmo sem eu perceber. Em todos esses momentos, ninguém parou para me falar nada, apenas me ensinaram com o próprio exemplo. E isso só pode acontecer quando vivemos em comunhão, como Deus quer que vivamos.

Por isso, deixe-me voltar ao nosso tema principal, e até mesmo ser repetitiva. A internet é uma benção, e aprendo muito com os irmãos e irmãs que compartilham certas coisas nela. Entretanto, ela não tem a estrutura para substituir o que foi dado pelo próprio Deus, e não é tão valiosa quanto! Não se trata de não usar todas essas coisas, mas sim de usá-las da maneira correta.

Ao invés de buscar respostas na caixinha do Instagram, já tentou dividir seus questionamentos com uma irmã visivelmente mais sábia que você? Antes de buscar aconselhamento nas redes sociais, já pensou em buscar seu pastor?

E se você tem a sensação de que não pode contar com ninguém na sua igreja, pois ela “não possui comunhão”, já tentou você mesmo promover momentos assim? Já tentou chamar alguém pra comer na sua casa? Puxar conversa depois do culto? Ou você sai correndo após o culto e mesmo assim espera ter comunhão?

A verdadeira comunhão dá muito mais trabalho e é muito mais incômoda do que a “comunhão” online. Mas, acredite em mim, ou melhor, nas Escrituras: o valor dela é incomparável. Por isso, que o Senhor nos ajude a não buscarmos na internet o que só podemos obter através da verdadeira comunhão. Claro que para isso precisaremos arregaçar as mangas e trabalhar, mas me diga se não vale a pena:

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre.” (Salmo 133)

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Cynara de Souza, casada há dois anos com Quésede de Souza, membro da Igreja Presbiteriana Filadélfia em Marabá-PA, dona de casa e Engenheira de Produção.