helen-allingham-hanging-the-washingAinda não leu a Parte 1? Leia Aqui.

2. A Sublime Vocação da Maternidade

De quem é a responsabilidade de cuidar dos filhos? Parece que a resposta é óbvia: os pais! Mas, na prática, isto é o que menos tem ocorrido. Os pais estão muito ocupados para cuidar de seus próprios filhos, tanto as mães quanto os pais têm outras prioridades em seu dia a dia. Os filhos não têm espaço em suas lotadas agendas de compromissos fora de casa. O número de creches e “escolinhas” tem crescido consideravelmente. E muitas oferecem atrativos para cuidar do seu filho – um plano pedagógico apropriado à idade, playground, alimentação equilibrada, etc. Mas, nenhuma delas tem o principal para um filho: a mãe!

Quando minha filha estava para completar sete meses de vida, voltei ao trabalho após a licença maternidade. Na empresa onde trabalhava havia uma creche para os filhos de funcionários. Excelente estrutura, com atividades o dia inteiro e pessoas dedicadas a cuidar das crianças. Sentia-me bem apoiada nos cuidados com minha filha enquanto eu trabalhava.

O meu esposo e eu já tínhamos planos que eu pararia de trabalhar quando viesse o segundo filho. Enquanto nossa primeira filha era muito pequena, eu continuaria a trabalhar e, pensava eu, que ela pouco sentiria a minha ausência e outras influências. Mas, após uma palestra que foi realizada na igreja em que congrego, aconteceu uma reviravolta na minha mente, no meu coração e na minha casa. O impacto maior para mim foi quando a preletora citou exemplos como de Timóteo que desde a mais tenra idade e, Moisés e Samuel que apenas nos seus primeiros anos de vida foram cuidados por suas próprias mães. E como resultado, tiveram grande influência na fé no Deus verdadeiro. Suas mães souberam reproduzir sua fé neste curto, e tão desprezado, período de suas vidas.

A partir de então, quando entregava minha filha nas mãos de terceiros, naquela sala bonita, com algumas outras crianças, todas sem suas mães, eu tinha a impressão de estar entregando meu bem precioso num depósito de crianças, enquanto eu tinha que cuidar de outros assuntos que nada tinham a ver com minha família, meu lar, meu Deus. Eu sabia que estava sendo negligente com a herança do Senhor (Sl. 127:3).

Muitos imaginam que a responsabilidade educacional de seus filhos cabe à escola e à igreja. Isentam-se de ensiná-los desde as pequenas coisas (bons modos, por exemplo) até as grandes, como o de lapidar o caráter de acordo com a Lei do Senhor (Dt. 6:1-7). O padrão estabelecido para o povo de Deus deve ser completamente diferente de qualquer padrão mundano, por “melhor” que ele possa parecer.

Num texto do Pr. Alfredo de Souza, ele faz a seguinte citação: “Eu sei que ‘isso’ está na contramão da sociedade em que vivemos. Mas acredito que o futuro dos filhos dirá quem está com a razão. Não tenho medo de errar ao afirmar que vale muito mais um filho equilibrado e crente diante das dificuldades financeiras do que uma vida abastada com o filho desequilibrado e longe do Senhor. É por isso que a pergunta continua no ar: de quem é a responsabilidade?”.

E finalmente, devo citar a linda passagem de 1Timóteo 2: 11-15 que mostra que é a sublime vocação da maternidade que livra a mulher da opressão e da miséria deste mundo. O que liberta a mulher não é o que a ideologia feminista diz, mas sim o lugar designado por Deus a nós – dedicar-se à maternidade!

3. Nossa Esfera de Atuação

Chegou a um ponto que para mim estava sendo um grande pesar continuar trabalhando fora, mas muitos ídolos brigavam pelo senhorio do meu coração: status, independência financeira, a dedicação de anos nos estudos, medo de baixar o padrão financeiro familiar, medo de como seria minha nova rotina e tantos outros temores. Como cita em Mateus 6.24, não há como ter dois (ou mais) senhores porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Eu precisava escolher a quais senhores iria aborrecer, desprezar, abrir mão.

Pensar em ser dona de casa nunca foi algo atraente para mim, não fui criada preparando-me para um dia cuidar de um lar. Mas como é Deus quem tem poder de mudar corações, Ele foi mudando o meu e, isso já não era mais tão assustador para mim.

Conforme aponta Martha Peace, no livro Esposa Excelente, em “1 Timóteo 5.14, embora a recomendação seja às jovens viúvas, o princípio aplicado é geral. Toda mulher cristã deve saber administrar o lar, conduzindo-o ordeiramente. O conceito bíblico de dona de casa não é popular nos dias atuais, mas Deus designou às mulheres que permaneçam em casa, cuidem bem de seus lares e de suas famílias. Uma esposa que se envolve em muitas atividades ou muito trabalho fora de casa não tem tempo nem energia para manter seu lar como deve.” E eu percebia isso nitidamente no período em que trabalhei fora, casada, tendo filho pequeno e uma casa para cuidar… Foi a fase mais estressante que já vivi! Há quem se gabe de viver dois turnos todos os dias – trabalho e casa. De fato, não há do que se orgulhar.

Talvez algumas mulheres consigam conciliar um trabalho fora de casa em meio período, mas isso depende de muitas circunstâncias favoráveis, por exemplo, no horário em que os filhos estejam na escola, tendo uma profissão que permita horários flexíveis, caso você tenha alguém para te auxiliar nas atividades domésticas. Mas, nunca se esquecendo de priorizar o que Deus nos pede maior atenção.

Ser dona de casa não é fácil. Mas, ter responsabilidades completamente diferentes, em ambientes distintos, com trânsito no meio do caminho, não tem como darmos conta de tudo. E adivinha qual parte sofre mais? Não pode ser o trabalho fora, porque lá tem chefe, tem salário (e descontos), tem demissão. Em casa, por mais que o caos se instaure, sempre esperamos mais compreensão e tolerância. E assim, vamos nos enganando até as primeiras consequências mais graves aparecerem.

E para quem vê a figura de dona de casa com bobes na cabeça, roupas desleixadas, mau hálito e de pouca capacidade intelectual, deve fazer uma minuciosa leitura da mulher virtuosa descrita em Provérbios 31 a partir do verso 10. Uma mulher extremamente ativa, ocupada, que sabia negociar, empreendedora, dedicada não apenas para as coisas do lar como Marta, mas que soube escolher a boa parte. Não buscava seus próprios interesses, concentrando seus esforços, metas e energia na realização pessoal. Antes seu prazer está na lei do Senhor, no que Deus ordenou em sua Palavra.

Atender ao chamado divino

Nesta fase de muita reflexão, olhei para minha vida até ali e, como diz o apóstolo Paulo em Filipenses 3.8, considerei tudo refugo. O que eu valorizei por tanto tempo, agora não tinha mais importância. As prioridades em meu coração estavam mudando e, este processo não foi fácil, doeu. Era Deus expurgando impurezas, lapidando o caráter conforme sua vontade sempre boa, perfeita e agradável, numa pecadora encharcada de mundo, mas redimida pelo Seu amor e Sua graça. Isso é cuidado de pai, Pai Celestial.

Revesti-me de coragem – coragem para obedecer a Deus, coragem de ser diferente das minhas colegas “bem-sucedidas” profissionalmente, coragem de fazer o melhor primeiramente para minha família, e… Pedi demissão!

Não estou dizendo que todo estudo foi em vão e que a mulher cristã não deva estudar e ter uma profissão. Devemos nos esmerar em tudo o que fizermos, mas com a motivação correta. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens (Cl. 3:23). Além disso, os conhecimentos adquiridos podem ser usados na educação de filhos e aproveitados de alguma forma no ministério.

Agradeço a Deus pelas experiências que tive, pelo cuidado contínuo dEle que sempre esteve presente e atuante e, agora manifestou-se tirando-me das armadilhas do meu próprio coração e da sedução do mundo business.

Não podemos brincar de ser crentes e obedecer apenas quando nos for conveniente. O que aprendemos na Palavra de Deus não pode ser algo bom apenas dominicalmente, tem que ser colocado em prática todos os dias. Nossa família é reflexo de nossa teologia!

O meu esposo e eu não escolhemos o caminho mais fácil ou com mais glamour, pelo contrário. Mas como digo à minha filha: obedecer sempre dói menos! Precisamos confiar de verdade de que a providência vem do Senhor e que obedecer sua Palavra é o mais abençoador, por mais difícil que seja.

Algumas mulheres não-cristãs também fazem a escolha de parar de trabalhar fora, ao menos, por um período. Porém, o que difere a serva de Deus é sua motivação de obedecer e glorificar a Deus em todos seus atos!

Não hesite em obedecer, responda prontamente como fez Maria:  Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme tua palavra. (Lc. 1:38)

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CarolAna Carolina Oliveira é casada há seis anos com Eduardo R. Oliveira, Presbítero da Igreja Presbiteriana de Poá. Mãe da Sara, 1 ano e 7 meses. Formou-se em Comunicação Social. Na igreja em que congrega, participa do Ministério de Discipulado e Aconselhamento, atua na SAF e ministra palestras para mulheres.