Nas Escrituras Deus criou homens e mulheres essencialmente iguais, mas funcionalmente diferentes. Eles foram criados numa ordem natural onde lhes foram atribuídas diferentes posições e papéis no mundo de Deus. É muito importante, para se evitar um extremo, de antemão reafirmar que não há distinção de valor e diferença essencial entre homens e mulheres, mas há de fato, na Escritura, diversidade de função.

É a vontade de Deus que a mulher casada assuma a sua posição de apoio ao lado de seu marido como sua “Companheira”, sua “Auxiliadora Idônea”. Isso significa dedicar-se ao grande projeto de ajudar o seu esposo na construção e manutenção do lar, na alimentação e na educação das crianças.

Entendo que esta visão bíblica já foi grandemente prejudicada pelo feminismo, até mesmo trazendo grande secularização e apostasia à vida de muitos cristãos. O ideal conformista, que nos leva a nos afastarmos das Escrituras, trouxe grande conformidade à cultura feminista e ao “politicamente correto”, e não apenas para fazer com que mulheres assumam papéis masculinos e até mesmo características masculinas, mas também afirmando o desprestígio no mundo daquelas que em humilde obediência ocupam a posição e desempenham o papel que lhes fora atribuído pelo Pai celestial.

Isso é assombroso, visto que a postura condenada é o que “significa ser semelhante a Cristo”. Ora, uma fiel esposa bíblica deveria ver em sua casa uma vocação, e não um lugar para comer e dormir no caminho entre muitas ocupações. Como uma esposa pode ser bíblica, “criando” um local de trabalho para ser uma expressão de si mesma, ao invés de um lar que pode se tornar o centro de um ministério potencialmente poderoso – primeiro a sua família, e, em seguida, para o mundo? (“A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba.” Pv 14.1).

Um forte exemplo onde a seu ministério pode ter um forte impacto é a reunião familiar em torno da mesa, do café, do almoço ou do jantar. Lembro-me com cores fortes das reuniões de minha família em torno da mesa! Ali era o clímax do dia. Era a única vez no dia em que todos da família podiam estar juntos. Confesso que a mesa, as refeições familiares, têm sido uma grande preocupação em minha família já há algum tempo, porque podíamos estar fazendo muito melhor do que temos feito. É um momento precioso demais para compartilhar experiências de nossa família, dar instrução e correção às nossas meninas e honra ao Senhor durante as refeições. A mesa de jantar é um tempo de ligação, onde a unidade familiar pode ser construída e comunicarmos sempre a direção e propósito para a família.

O fato é que não tem sido fácil. Na nossa sociedade de hoje, a televisão, os
horários de trabalho irregulares e os fast foods tem feito deste tempo algo tão raro e difícil que já começamos a sentir um duro golpe de seus efeitos!

Seria exagero isso? Vejam que Paulo deixou claro que “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). Que outra forma de se comer e beber e produzir maiores louvores a Deus do que fazendo isso com propósitos de edificação de nossas famílias?

Há o risco de que nossas refeições sejam pecaminosas. Veja o que John Piper nos alerta quanto a isso: “Chego a esta triste conclusão: é pecado alguém comer, ou beber, ou fazer qualquer outra coisa, se não for para a glória de Deus. Em outras palavras, o pecado não é apenas uma lista de coisas prejudiciais (matar, roubar, etc.). Pecamos quando deixamos Deus fora de consideração nas realizações triviais de nossa vida. Pecado é qualquer coisa que fazemos, que não seja feito para a glória de Deus.”

É preciso cuidar para que nossas refeições sejam dedicadas à nossa família, por sua importância. Para que a mesa de refeições seja um momento precioso como venho apontando até aqui, a refeição em si é uma parte fundamental. Se prepararmos de qualquer jeito, sem os afetos que tornam Deus glorificado, se comemos apressadamente, então não consideramos a ocasião importante como deve ser. Por outro lado, se a dona da casa deu-se ao planejamento e à preparação de uma refeição substancial, bem apresentada, onde o pai afirma amor e reconhecimento, o palco está montado para a família ser construída e fortalecida.

As crianças em particular precisam da estrutura que a mesa de jantar oferece. Alguns estudos têm demonstrado que os homens comuns gastam uma média de 8 minutos por dia para falar com seus filhos. Isso porque o tempo à mesa foi retirado e poucos sequer levam seus filhos à escola.

Meus queridos, a hora à mesa, o tempo do jantar é uma boa hora para a mãe
e o pai discutirem questões da vida de seus filhos. Se eles não gastarem tempo ouvindo as crianças sobre questões pequenas, então as crianças não vão discutir com seu pai e mãe aquelas que realmente importam.

A mesa do jantar também é uma boa oportunidade para ensinar nossos filhos a orar em gratidão aos suprimentos da providência de nosso Senhor – não apenas agradecendo pelo alimento à mesa, mas pela vida e pela família.

Portanto, minhas irmãs, entendam que edificar a casa tem muito a ver a com as refeições, e o tempo bem gasto com elas. Não será procedendo de qualquer maneira que isso ocorrerá, mas servindo refeições planejadas, preparadas e servidas com dedicação, mesmo na simplicidade. Lembre-se que não se trata de gastar dinheiro, de luxo, trata-se de colocar amor à mesa! É pensando assim, que se começará uma obra excelente em casa, onde Deus será glorificado, com o suco de acerola colhido do pé do quintal ou com bolinhos de arroz (reciclando a sobra), desde que o amor e a dedicação estejam presentes. Preparando essas refeições excelentes para sua família e os colocando em torno da mesa, você estará desenvolvendo um ministério importante para seu marido e suas crianças, e dentro daquilo que o Senhor desenhou.

Que nossas famílias possam reencontrar a benção da mesa, das refeições, das conversas onde Deus é glorificado, onde os pais ouvem seus filhos, onde eles os instruem, onde comem delícias e louvam ao Criador na consciência de que tudo deve ser feito para o Seu louvor. E a mulher, que não cede aos efeitos terríveis do feminismo, mas antes atenta para edificar sua casa, preparando a mesa onde se senta sua família, na expressão de Salomão, “o seu valor muito excede ao de rubis.” Prov. 31:10.

Que o SENHOR abençoe nossas famílias, que nossas mesas sejam fartas, não apenas de alimento material, mas de afeto, de boa conversa, de instrução, de expressões de gratidão e da dependência do Senhor, de Seu deleite e que em tudo Deus seja glorificado. Amém!

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* O Pr. Dilsilei Monteiro é bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano de Brasília e em Direito pela Universidade Federal de Goiás (Direito – UFG); Pós-graduado em Direito Público pela Universidade Castelo Branco (UCB – RJ) e Docência do Ensino Superior pela Universidade Gama Filho (UGF-RJ); Extensão em EaD e Planejamento de Cursos pela EST (EST-RS); Mestrando em Teologia Sistemática pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie – Centro de Pós-graduação Andrew Jumper (CPAJ-SP). Atualmente é pastor auxiliar na 1ª Igreja Presbiteriana de Ceilândia (DF). Leciona disciplinas de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano de Brasília e em cursos de teologia de outras instituições do Distrito Federal.