woman and childA teologia da prosperidade foi adequadamente chamada de uma perversão teológica, um evangelho falso, a exportação americana mais venenosa para o mundo. É glamorosa, ostendadora, sedutora e anátema para cada fiel seguidor de Cristo.

A mensagem dela é simples: o desejo de Deus para cada cristão é que eles sejam cheios de sáude, ricos e felizes. Basta nós nomearmos o que queremos e a mão de Deus se moverá para nos dar. Infelizmente, essa mensagem tem enganado milhões de pessoas, e talvez tenha infiltrado na sua maneira de agir como pai.

Por anos eu tenho visto pais amorosos ensinando involuntariamente seus filhos os princípios desse falso evangelho. Todos eles eram pais cuidadosos que queriam o melhor para seus filhos e frequentavam igrejas fieis ao evangelho. Entretanto, nenhum deles percebeu que estavam comunicando uma mensagem diferente em casa. Como nós podemos detectar a presença desse ensinamento no modo como conduzimos nossos filhos?

3 perguntas diagnósticas
Pergunte-se se alguma dessas ideias e práticas invadiram subitamente sua casa:

1) Você, involuntariamente, centra sua vida ao redor de seus filhos?
A teologia da prosperidade nos ensina que nós somos o centro do universo e que Deus está a serviço da nossa felicidade.

A verdade bíblica, entretanto, mostra que, embora o amor de Deus superabunde por nós, nós fomos feitos para Ele. Ele, não nós, é o centro.
No nosso desejo de amar nossos filhos, podemos mandar uma mensagem falsa similar. Enquanto cuidamos deles, é fácil comunicar-lhes: “vocês são o centro do meu universo. Eu estou aqui para servi-los”.

A verdade é que, embora a afeição e o cuidado dos pais devam ser abundantes, nós também precisamos amar nossos filhos na verdade. E a verdade central é que nossos filhos são membros amados da nossa família, mas não o centro. Nós os treinamos para amar e honrar outros, incluindo seus pais. Pais centrados no evangelho levam-nos a tirar nossas crianças de sua orientação narcisista natural para um amor sacrifical por Deus e pelos próximos.

Pergunte-se a si mesmo, “O meu amor é indulgente ou santo? Eu estou orientando minha vida ao redor dos desejos deles? Ou estou levando os meus filhos a amar e honrar os outros?”
Você é um melhor pai para seus filhos quando lhes ensina que eles são amados, mas que não são o centro do seu mundo.

2. Você prioriza inconscientemente a prosperidade material deles?
A teologia da prosperidade nos ensina que as melhores bênçãos que Deus pode dar a nossos filhos são bênçãos materiais. A verdade bíblica, entretanto, é que o próprio Deus e as bênçãos espirituais provenientes dele são os melhores presentes d’Ele para nós (Ef 1:3).

Como pais, todos nós queremos o melhor para os nossos filhos. Mas com escolhas quase ilimitadas diante de nós, precisamos priorizá-las. E as escolhas que nós fazemos revela o que nós de fato cremos que é o melhor.

Pare e dê uma olhada em suas atividades familiares. Escute o que te empolga. Certamente não há nada de errado em apreciar o gol vencedor da partida ou o último aparelho eletrônico. Apenas se certifique que você está ainda mais empolgado com o evangelho operando dentro de você e em seu entorno. Escolha suas prioridades a fim de dar a seus filhos a melhor vantagem possível – uma igreja santa e um lar unificado. Ore para que o seu amor parental seja complementado com a sabedoria de discernir o que é melhor para eles (Fp 1:9-10).

Você é um pai melhor para seus filhos quando lhes aponta a verdadeira prosperidade – uma vida abundante em Cristo (Jo 10:10).

3. Você protege insensatamente seus filhos das provações da vida?
A teologia da prosperidade ensina que Deus não quer que nós soframos. Uma vida abençoada é aquela com pouca ou nenhuma dor. Mas a verdade bíblica é que nenhum dos filhos de Deus escapa do sofrimento. Provações dolorosas fazem parte do plano d’Ele para nos amadurecer (Ti 1:2-4). Até Jesus aprendeu a ser obediente a partir do que Ele sofreu (Hb 5:8).

Como pai, você intuitivamente entende a necessidade de proteger seus filhos. Mas nós não podemos corromper esse amor nos recusando a permitir que eles experimentem provações. Frequentemente, nosso conhecimento superficial do sofrimento bíblico é revelado na maneira como agimos como pais.

Quando nós não permitimos que nossos filhos experimentem as consequências naturais de seus comportamentos, nós imediatamente estamos ensinando a eles um evangelho diferente. E quando nos recusamos a dar a eles uma disciplina correta e apropriada, nós agimos diferente do nosso Pai celestial: “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hb 12:6).
Para a nossa família, alguns dos momentos mais doces da caminhada e do crescimento espiritual vêm depois de atravessar uma experiência dolorosa juntos. Ao invés de nos causar mal, essas provações ou disciplinas se tornam uma dura bondade de Deus.

Pense por um momento sobre sua maneira de agir como pai. O seu amor busca enrolar seu filho num plástico-bolha e o deixar à prova da dor do mundo? Ou é um amor cheio de sabedoria, permitindo provações temporárias que trazem um amadurecimento eterno?
Você é um pai melhor para seus filhos quando entende o papel santificador das provações na vida deles.

O melhor presente de Deus
Você ama seus filhos e você ama o verdadeiro evangelho. Não sabote isso ensinando a eles uma mensagem falsa durante a semana. Lembre-os de que apesar de nós amarmos o mundo que Deus nos deu, o melhor presente d’Ele é Ele mesmo. E por que você é chamado para refletir o Pai celestial, você os corrigirá e os disciplinará em amor.

A alma deles pode depender disso.

2015-10-05

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Chap Bettis*Esse artigo foi postado originalmente no The Gospel Coalition. Original aqui. Traduzido mediante autorização.

**Chap Bettis é o diretor executivo do “The Apollos Project” e um ministro dedicado a ajudar famílias a transmitir o evangelho a seus filhos. Anteriormente, ele foi o pastor principal de uma plantação de igreja na Nova Inglaterra. Ele e sua esposa, Sharon, têm quatro filhos e moram em Rhode Island. Chap é autor de “Evangelism for the /tongue-tied” e outros vários livros sobre vida familiar. Você pode acha-lo no Twitter ou postando em seu blog “TheApollosProject.com”.

*** Tradução: Rebeca Romero
Edição: Roberta Macedo